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Inédita no Brasil, a “Marcha das Famílias Contra as Drogas” vai reunir, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, em 3 de novembro, mães, pais, tios, avós, sobrinhos, netos, médicos, artistas, representantes de entidades antidrogas, de instituições religiosas e políticos em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Amazonas, Pará, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia, Maranhão, Acre e Roraima. Nos outros nove estados, grupos de autoajuda que lutam contra a dependência química farão manifestações em praças públicas.
As famílias brasileiras farão um apelo ao Supremo Tribunal Federal para MANTER o artigo 28 da lei 11.343/2006, no julgamento que decidirá sobre uma ação da Defensoria Pública de São Paulo. A Defensoria quer ELIMINAR dessa lei o artigo 28, que proíbe “adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo, para consumo pessoal, drogas” e, também proíbe, “semear, cultivar ou colher plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica”. O Recurso Extraordinário 635659, da Defensoria Pública, começou a ser julgado em 19 de agosto de 2015, com três dos 11 ministros votando pela eliminação do artigo 28: Gilmar Mendes votou a favor da liberação de todas as drogas; Luis Roberto Barroso e Edson Fachin liberaram a maconha.
DESCRIMINALIZAR DROGA É AUTORIZAR USO E PORTE
Como descrevem os dicionários, descriminalizar significa revogar a criminalidade de um fato, portanto, no caso de drogas, autorizar o uso e o porte. A Organização Mundial da Saúde tem alertado que “experimentar droga é risco para a dependência, doença do cérebro que dificulta parar o uso. O uso de drogas está entre os maiores responsáveis pela morte prematura e pela perda de vida saudável e produtiva nas Américas”. No Brasil, já é causa de afastamento no trabalho e de suicídios.
USO DE DROGA JÁ PREJUDICA SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA E ASSISTÊNCIA SOCIAL EM 86% DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS
USO de drogas é definido pelo governo federal como ”grave problema de saúde pública, com reflexos nos serviços de segurança pública, educação, saúde, sistema de justiça, assistência social e nas famílias”, descreve o Decreto 9.761 de 11 de abril de 2019. Fato grave também denunciado pela Confederação Nacional dos Municípios: “em 86% dos municípios brasileiros o uso de drogas, principalmente do crack, já prejudica SAÚDE, EDUCAÇÃO, ASSISTÊNCIA SOCIAL E SEGURANÇA”. A Federação de Amor-Exigente já registra em seus atendimentos gratuitos, por ano, o número de UM MILHÃO e 200 MIL famílias de dependentes de drogas, a maioria sem orientação ou tratamento na rede pública de saúde.
USO DE DROGA TORNA DOENTE QUEM USA E SUA FAMÍLIA, REVELAM DEPOIMENTOS:
–”Minha irmã sempre discursou que sairia das drogas na hora que bem entendesse, que era apenas mais uma experiência,que o controle era totalmente dela. Foi internada sete vezes em comunidades terapêuticas e, a cada internação, discursava que estava virando a chave. As internações eram de períodos curtos, não concluía e voltava correndo para as drogas.Até o dia 11/05/19, que tive que entrar no Instituto Médico Legal e reconhecer o corpo da minha irmã. A doença da minha irmã contaminou a família.Os mais atingidos, minha mãe, seu filho e eu. Ela perdeu sua dignidade, sua capacidade de amar e seus valores.Deixou de ser filha, de ser mãe, de ser avó, de ser irmã e tia.Se prostituiu, virou ladra, mendigou e caminhou a passos largos para o fundo do poço.” MARLY LIMA, de São Paulo.
– “Minha filha chegou a deixar o filho, um bebê, dentro do carro e com um frentista no posto de gasolina , enquanto ia comprar e usar droga . Para a sua recuperação, foram necessárias inúmeras internações”. Depoimento de Regina Tortorelli no livro Guerra pela vida – A campanha da Jovem Pan contra as drogas.
– “Encontrei a senhora de 80 anos chorando, sentada no chão de uma casa sem luz, porque o neto,viciado em crack, roubou toda a fiação. Neto que também bateu na avó e a derrubou no chão após roubar o dinheiro que ela guardava para a comida. E roubou também o botijão de gás para trocar por crack”. Daniel Garcia, descrevendo uma das emergências que já atendeu em São Paulo, pelo GAD -Grupo de Apoio ao Dependente.
– “Foram três baseados: na primeira vez, aos 14 anos, por influência de colegas. Fumou e voltou à realidade somente 24 horas depois; no segundo baseado, ficou na viagem por 72 horas; e no terceiro, não voltou mais. A doença desse rapaz, esquizofrenia causada por maconha, é atestada pelo Hospital das Clínicas, onde o jovem também foi tratado. Ele não reconhece o pai, que o visita toda semana. Ele não tem amigos, porque a doença o mantém fora da realidade. Não estuda, não trabalha. E o pai desesperado, sempre pergunta: Quando eu morrer, o que vai ser do meu filho?” Psicoterapeuta Alexandre Araújo, que tratou durante dez anos, em São Paulo, de rapaz com esquizofrenia causada por maconha. Aos 29 anos, o rapaz foi adotado por uma família.
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