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Nasci em 1972, mas tenho memórias do Tricampeonato da Seleção Brasileira em 1970. Pode parecer uma contradição, mas todo brasileiro que gosta de futebol vai entender. Nós, que não tivemos a felicidade de assistir aquele timaço ao vivo, fomos construindo nossas lembranças e laços afetivos com ele aos poucos, ao longo da vida.
No meu caso, elas começaram em casa, nas conversas com meu pai, um apaixonado pelo esporte e pela Seleção. E foram se consolidando ao longo da vida, com a rara oportunidade de conhecer e conviver de perto com alguns dos heróis do Tri.
Essa convivência ensinou-me a apreciar a dimensão humana desses ídolos. Qualidades pessoais que são indissociáveis do seu gênio como jogadores e que foram fundamentais para transformar um grupo de craques num time coeso e vencedor. Desafiando a sabedoria tática convencional, o mestre Zagallo abriu espaço para um time cheio de “Camisas 10”. Zagallo, uma das pessoas mais inteligentes que conheci, contou com atletas excepcionais. Como o Rei Pelé, símbolo maior do nosso futebol de técnica, luta e capacidade de decidir.
Quando penso no time de 70, a primeira pessoa que me vem à lembrança é Carlos Alberto Torres, o eterno Capitão. E não apenas pela imagem icônica dele levantando a Jules Rimet. A vida me deu a oportunidade de ser amigo de Carlos Alberto e ouvir dele preciosas lições sobre o futebol e sobre a vida. O Capita representa de forma exemplar a combinação de genialidade e simplicidade que marcou a conquista no México.
Fonte: CBF
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