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Diante da pandemia que o novo coronavírus trouxe ao mundo, muitas questões e polêmicas foram postas e levantadas, em um debate muitas vezes calorosos e acirrados. Dentre elas, a adoção ou não do tratamento precoce na covid-19.
Antes de mais nada, queria me posicionar e proferir opinião pessoal: sou a favor. Médico e paciente, numa relação de confiança e comunhão, com a devida informação e esclarecimentos dos benefícios e riscos de cada medicação, dentro do contexto da individualidade do paciente e do caso, podem e devem instituir tratamento precoce, se assim for a decisão conjunta tomada.
Mas acredito que esse debate e polêmica são rasos e superficiais! O mais importante está mais profundo, em camada mais abaixo.
Ficou escancarado a deficiência das redes de saúde em ofertar a melhor assistência possível à população. Faltas de leitos, UTIs, insumos, EPIs, como de tanta outras coisas, ficaram evidenciadas.
Do que adianta, às vezes, a discussão do tratamento precoce ou não, se nem todos os médicos e pacientes tem o remédio à disposição? Como vou prescrever tal droga se em determinada rede de saúde não tem?
Aqui chego no ponto crucial de minha análise, onde considero que o debate deveria estar sendo realizado: *qualidade e eficiência dos nossos modelos de atenção à saúde.* A pandemia, de uma forma ou de outra, irá passar. Seguirá seu rumo. Seja por descoberta de uma droga eficaz na cura ou pela chegada de uma vacina (que está próxima). A imunidade chegará em algum momento. Mas aí fica a questão: e a humanidade!?
Precisamos dos serviços de saúde 7 dias por semana, 24 horas por dia. A falta de gestão, eficiência e planejamento seguirão presentes, mesmos após o encerramento da pandemia.
Temos nas mãos, mais uma vez, uma oportunidade ímpar de se discutir e pensar a saúde de uma forma mais abrangente e ampla! É essa saúde que queremos para nós? Para nossos amigos e familiares? Para a população?
Não falo apenas dos quesitos materiais e logísticos, mas sobretudo do fator humano! Profissionais de saúde mal remunerados, jornadas de trabalho excessivas, desmotivados e quase sempre desvalorizados pelas gestões.
Que após a imunidade, tratemos e lutemos de humanizar a saúde e daqueles que estão inseridos nela. Que os salários sejam justos e condizentes, que as horas trabalhadas sejam adequadas, que o profissional seja sempre valorizado, em capacitação e reciclagem constante. Que tenha perspetiva de crescimento, de carreira… Porque não!?
Que não falte nada: desde leitos à medicação, desde UTIs a EPIs.
Que as gestões sejam pautadas no planejamento, eficiência e boa governança. Baseadas em indicadores e métricas. Que a qualidade e resultados sejam os nortes e lemas.
Isso que temos que discutir, esse tem que ser o debate. O covid irá embora, mas todas as outras doenças e mazelas permanecerão.
Enquanto isso não acontece, espero ansiosamente o fim da pandemia. Mas, sobretudo, sonho com uma saúde melhor, maior e mais humana! Para toda população e para os profissionais de saúde.
Dr. Geraldo Pinho
Médico radiologista
CRM/RN: 6921
Parabéns pela análise técnica! Perfeita.
Precisamos de saúde de qualidade o tempo todo, em toda hora.
Falou a realidade do dia a dia em que vivemos, que isso tudo passe logo e voltar a termos uma outra realidade e que às pessoas fiquem mais humanas.