Redação/Portal de notícias e fotojornalismo Natal/eliasjornalista.com
As idades que se apressam em alternar vivências, carregam em suas bagagens, as lembranças dos eventos efetivamente realizados.
É no olhar retrô sobre eles – para quem está na porta dos sessentanos, que a mente rumina reminiscências e com elas filosofa e extrai extratos normalmente ofertados no incensário da boça, dos que se acham aptos a dizer algo sobre a vida.
Tenho uma certa trava em anunciar reflexões, me achando de certa maneira, superior, uma vez que lendo ou ouvindo de setentões, oitentões e até contemporâneos – coisas da vida, lá no fundo, não reconheço na maioria, nada precioso, significativo e, tampouco verdadeiro, daí tirando que do meu ser idem, pode sair uma ruma de lixo, que vai só aumentar o aterro sanitário que temos alimentado na Terra – que efetivamente dizer algo relevante e importante.
E assim assisto ao Fla X Flu político, com disputa acirrada de qual ator rouba mais, uma vez que hoje é ponto pacífico, serem todos usufrutuários contumazes do butim público, como também as discussões infindáveis de cunho religioso e etc, etc, etc.
A travessia dos anos, igualmente revela a meu ser, o quanto ainda sou virgem na orgia das certezas.
Apesar de curtidor contumaz de religiões, filosofias, práticas espirituais, confesso aqui não ter hoje 100% de certeza que uma vez findo, de fato continuamos de alguma forma, com alguma essência, lembrança, se em algum paraíso ou inferno ficamos, se em algum lar habitamos, se indo, voltamos, e se em voltando, vamos novamente.
Digo tudo isso para no fundo falar do meu pai, a quem durante seus 89 anos devotei extremo respeito, profundo carinho, verdadeiro amor.
Em todas as oportunidades de nossa convivência, tivemos a energia da boa existência, ficando com o vácuo de sua ida, o vazio da verbalização quase cotidiana do “eu te amo”, das piadas, brincadeiras e pegadinhas que fazia ao telefone, e que achava ótimas, terminando sempre com um boa noite depressivo, posto que deixar de lhe ver/ouvir/beijar, gerava vácuo, espaço vazio, caos.
Depois que meu amado pai se apartou do corpo, passei a pensar mais frequentemente se existe de fato vida além da matéria.
Ele não apareceu, não mandou mensagens mediúnicas, exceto sonhos loucos e desconexos, não mandou nenhuma pista palpável que estava querendo se comunicar.
Como a ligação era tão grande, comecei a alimentar que ele de fato não está mais em nenhum lugar.
Mas não consigo viver sem ele, por isso decidi abandonar crenças, dogmas religiosos, todos factíveis de falhas e de possíveis erros.
Papai hoje está entronizado em minha mente. No altar dos meus pensamentos ele vive e jamais morrerá.
Se de fato não existir nada depois disso aqui, ele só morrerá junto comigo.
Papai te amo, feliz dia no restaurante de minha cachola. Vou lembrar do seu prato predileto, do seu sorriso franco e de você dizendo muitas vezes depois de presenciar algumas ações que fazia: você é realmente especial.
A recíproca sempre foi verdadeira e jamais deixará de ser.
Eu imprimo o senhor em minha alma, pois ela finda, temporária ou eterna, terá sempre seu perfume, seu amor, nossa relação, nossa união indissolúvel.
Luzzzzzzz
Flavio Rezende aos oito dias, oitavo mês, ano dois mil e vinte. 12h42.
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