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(Foto: Jorge Bispo/CBF).

Redação/Portal de notícias e fotojornalismo Natal/eliasjornalista.com

Por Rogério Caboclo, Presidente da CBF

Na última vez que nos falamos por telefone, no dia 6 de outubro, ele brincou que não daria para jogar naquela semana, quando o Brasil estrearia nas Eliminatórias para a Copa do Mundo FIFA Qatar 2022.

Modesto, o que ele não disse, mas que todos nós sabemos, é que ele sempre entra em campo. Ele sempre está lá. No gramado do estádio, na quadra de terra batida, na pelada da praia. Em cada sorriso de criança ao bater numa bola. Em cada grito do torcedor. Ele é a referência, a maior inspiração. Ele é o Rei Pelé, primeiro e insubstituível.

Nome de rei que nasceu por acaso, como um apelido, e que se tornou marca registrada de futebol majestoso no mundo todo. Pelé se globalizou muito antes da globalização. Por onde jogava, desde os idos da década de 50 do século passado, ia encantando multidões. Parou cidades, países e até uma guerra.

Mais que uma marca, Pelé é um símbolo. Do futebol e também de virtudes, como talento extraordinário, determinação, simpatia e simplicidade de quem sabe ser grande. Aqui no Brasil, criamos até um adjetivo. Quando queremos dizer que alguém fez algo genial, dizemos que foi coisa “de Pelé”. A partir daí, já não é preciso explicar mais nada.

Se um jogador consegue surpreender o goleiro e marcar da linha do meio-campo, dizemos que ele conseguiu “o gol que Pelé não fez”, lembrando a jogada magistral no jogo contra a Tchecoslováquia, na estreia da Copa do Mundo de 1970. Foi um jogador tão mágico, que é preciso ser lembrado até pelos gols que não aconteceram.

Os gols feitos de fato foram 1.283, em 1.366 jogos. Ninguém fez igual. Pela Seleção Brasileira foram 95 gols em 113 jogos. Tudo o que se refere à carreira de Pelé é superlativo. Em especial, as três Copas do Mundo conquistadas para o Brasil.

Em 1958, na Suécia, foi a primeira. Ainda com jeito de menino, encantou o mundo. Sem se intimidar, assumiu o protagonismo da equipe. Em 1962, participou do início da conquista, concluída por seu parceiro não menos genial Mané Garrincha, ao lado de quem jamais perdeu uma partida jogando pela Seleção Brasileira. Já em 1970, na terceira, exibiu o auge de sua maturidade esportiva. Liderou aquela que é, para muitos, a maior equipe da história do futebol mundial.

Não por acaso, continuou a acumular prêmios e reconhecimento mesmo muito depois de deixar os gramados, em 1977. Foi escolhido o Atleta do Século XX pelo Comitê Olímpico Internacional, Melhor jogador do Século XX pela FIFA, entre tantos outros. Foi o primeiro atleta a receber o Prêmio Laureus de excelência esportiva, pelo conjunto de sua carreira. É o Rei do Futebol, conhecido e venerado em cada canto deste planeta.

Esse é um ano de comemoração dupla para o Rei. Além dos seus 80 de idade, são 50 anos da histórica conquista da Copa do México, em 1970, o Tricampeonato Mundial do Brasil.

Por isso, começamos 2020 com a inauguração da estátua do Pelé no Museu Seleção Brasileira, em tamanho natural e com todos os detalhes da época daquela conquista inesquecível. Foi magistral receber, na sede da CBF, seus colegas daquela extraordinária Seleção, treinada pelo Mestre Zagallo, para juntos fazermos essa homenagem, mais do que merecida, a Pelé. Um dia memorável.

Ainda mais emocionante, confesso, foi, antes do lançamento oficial, ter levado a estátua até ele em sua casa no Guarujá. Uma deferência à altura do Rei que, com sua humildade exemplar, me recebeu de braços abertos. Foi impressionante ver o Pelé de hoje reencontrar o Pelé de 1970. Algo que ficará marcado em minha memória para sempre.

Feliz aniversário, Majestade. Obrigado por inspirar milhões de brasileiros e bilhões de pessoas no mundo, por despertar tantas gerações para a paixão pelo futebol, por ser um exemplo contumaz da magia e da força positiva do esporte.

Desejo toda saúde, que Deus continue te iluminando e que o amor siga vibrando em seu coração.

Abraço fraterno do Rogério Caboclo.

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