Redação/Blog Elias Jornalista
A maior lagoa do Rio Grande do Norte foi colocada em estado de alerta pelo Instituto de Gestão das Águas (Igarn) por causa da redução do volume de água. Localizada em Nísia Floresta, na Grande Natal, a Lagoa do Bonfim está com 47% de sua capacidade de armazenamento.
A família do servidor público George Alves de Assis tem uma granja às margens da lagoa. A propriedade não pode puxar água diretamente do reservatório e recebe outorga para utilizar poços. Ele conta que nunca tinha visto a lagoa nessa situação, mesmo frequentando o local desde a infância.
“Dá uma tristeza toda vez que eu venho aqui. Isso não é só pela falta de chuva, por que sempre teve falta de chuva. Antigamente, sem chuva, a lagoa secava, mas depois enchia de novo”, conta.
Um relatório de vistoria da lagoa apresentado pelo Igarn ao Ministério Público em maio deste ano já alertava que o nível da lagoa estava na cota de 37 – referente ao nível do mar – que é considerada extremamente baixa.
Ainda de acordo com o órgão, existe um termo de ajustamento de conduta entre o governo do estado, Ministério Público Federal e a Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) que previa a paralisação da captação de água quando a cota chegasse a 39.
A Associação Amigos da Lagoa do Bonfim denuncia a situação crítica do reservatório e instalou um outdoor com pedido de socorro.
“Antes de tudo isso acontecer, foi feito um estudo entre 1999 e 2000 que já informava que a lagoa chegasse a essa cota 39 deixaria de ser sustentável, essa retirada de água e a lagoa não teria condições de se recuperar sozinha”, afirma Marcos Lopes, representante da associação.
As águas da Lagoa do Bonfim são captados pela Caern para abastecimento humano pelo sistema adutor Monsenhor Expedito há mais de 20 anos e abastecem 30 municípios e 280 comunidades rurais, principalmente do Agreste do estado. A lagoa também é usada para lazer, com granjas, fazendas, camping e clubes de caçadores.
A capacidade total da lagoa é de 84 milhões de metros cúbicos de água. Atualmente, o volume acumulado gira em torno de 40 milhões de metros cúbicos. Além da grande retirada para abastecimento humano, a suspeita é de que exista desvios de água, principalmente no percurso da adutora.
“Na adutora, desde São José de Mipibu, tem desvio de águas para campo de futebol, cerâmica, e outras coisas, que não são abastecimento humano”, diz George Assis.
“Essa água é para consumo humano, não para irrigação ou outra atividade”, defende Marcos Lopes.
O Igarn diz que a Lagoa do Bonfim não corre risco de secar, mas o volume é importante para manutenção de lagoas menores, como a Lagoa Azul. Segundo o instituto, o principal motivo do baixo nível são as chuvas abaixo da média neste ano.
“Esse ano choveu pouco e não houve uma recarga suficiente, no entanto, várias medidas estão sendo tomadas para que a Caern possa diminuir a retirada de água da lagoa e possamos preservar o manancial”, afirmou o diretor do órgão, Auricélio Costa.
G1RN
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