Com o objetivo de investigar o repertório comportamental do lagartinho de folhiço, ameaçado de extinção, um grupo de pesquisadores iniciou no final de novembro, suas atividades no Centro de Experiências e Pesquisas da Mata Atlântica (CEPEMA), do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte. O grupo é formado por estudantes e professores de biologia da UFRN em parceria com o setor de manejo do Parque. A pesquisa busca também mostrar a importância da conservação do lagartinho, já que é uma espécie predominante do Rio Grande do Norte.
Conhecido como lagartinho de folhiço, a espécie de lagarto Coleodactylus natalensis pertence à família de gecos Sphaerodactylidae. É uma espécie endêmica de remanescentes florestais da Mata Atlântica no estado do Rio Grande do Norte e, devido às suas restrições ambientais e ao crescente desmatamento dos remanescentes florestais onde vive, o lagartinho encontra-se em um potencial risco de extinção. Além disso, o Coleodactylus é o menor lagarto do mundo, medindo apenas 3cm.
Segundo a orientadora geral do projeto de pesquisa, Drª. Eliza Maria Xavier Freire, unidades de conservação como o Parque da Cidade, que tem um Centro de Pesquisas como o CEPEMA, são importantes para conservar espécies biológicas e para que a sociedade tenha o conhecimento da fauna e flora locais. “As áreas de conservação são muito pequenas e restritas e precisamos ter atenção com as espécies que estão nesses locais, pois elas são vulneráveis. Precisamos conhecer a real biodiversidade que temos aqui e protegê-la. O lagartinho é nosso, só existe no RN, quanto mais soubermos sobre ele, melhor”, relata.
Ao longo da pesquisa serão analisados os etogramas que qualifica e quantifica o comportamento da espécie em seu ambiente natural, incluindo comportamentos relacionados ao forrageio, termorregulação, interações sociais e fuga de predadores.
“Na prática, a gente faz a pesquisa por amostragem, coletamos os lagartinhos de folhiço para estudar e depois os devolvemos a natureza. Nós entramos na mata e procuramos por eles nas folhas, nas árvores, em buracos, em galhos. Por ser uma espécie muito pequena, é difícil encontrar, mas vamos procurando e analisando”, conta a estudante de biologia e participante do grupo de pesquisa, Hemilly Lianne de Oliveira Nascimento.
Para Hemilly, entender o comportamento dessa espécie pode ajudar futuros cientistas. “Alguns desses lagartinhos serão levados para a coleção de animais na UFRN para estudos posteriores. Isso pode ajudar muitos cientistas que vierem depois de nós a estudar espécies locais e conhecer suas informações, além de usá-los para outras pesquisas, como o estudo molecular do animal, por exemplo”, finaliza.
Para o Chefe do setor de Manejo do Parque, Luiz Augusto Correia é importante e de interesse científico investigar quais espécies de répteis e anfíbios permanecem nesse fragmento de vegetação que está rodeado por áreas urbanizadas. A área do CEPEMA é constituída por uma pequena fração dessas espécies presentes em fragmentos maiores e mais conservados de Mata Atlântica do estado, com predominância de espécies generalistas e mais tolerantes ao processo de urbanização. “A pesquisa, além de contribuir com conhecimento científico, também tem como intuito conscientizar a população acerca da relevância e manutenção desses espaços para conservação das espécies, bem como sensibilizar a população local”, afirma ele.
Além do lagartinho de folhiço, a pesquisa visa também estudar outras espécies de répteis e anfíbios presentes na área do CEPEMA, a fim de compará-las às espécies presentes em outras áreas de conservação em meio urbano da cidade.
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