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Crédito Joana Lima/Prefeitura Natal.

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, ministrou palestra sobre seu livro “A Guerra dos Tamoios e a História não contada do Brasil”, nesta quinta-feira (03), na sede do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), na Cidade Alta. A abertura foi realizada pela presidente do Instituto, Joventina Simões Oliveira. Lançado em março deste ano, com mais de 300 páginas, o livro é fruto de uma pesquisa  de cerca de 10 anos, e narra o modelo de colonização europeu marcado pela caça, escravização e extermínio dos povos indígenas.

“As guerras e resistências indígenas representam uma parte significativa da história do Brasil e mostram a força e resiliência das culturas nativas diante da colonização europeia. Mas, definitivamente, não há ainda espaço equivalente nos livros, nem no ensino de história, para a influência dos nativos na formação do Brasil em relação ao aspecto cultural, dos costumes e dos hábitos ancestrais desses povos nativos que aqui viviam, antes da chegada dos europeus e que tiveram suas terras tomadas em meio a muita crueldade e violência, sendo escravizados e submetidos a todo o tipo de opressão”, disse o prefeito.

Diante de uma plateia formada por pesquisadores, escritores, amigos, familiares e políticos, Álvaro Dias, também membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, apresentou fatos curiosos da sua obra, como a questão dos Bandeirantes. “Esse é um tema bem polêmico ao qual abordo no livro. Os Bandeirantes mataram e escravizaram os indígenas nas fazendas coloniais. Milhões de nativos que aqui viviam antes da chegada dos invasores europeus, foram escravizados, mortos e tiveram suas terras tomadas pela força e pela violência. Foram os colonizadores, que tentaram demonizar os índios para justificar a escravidão e os trabalhos forçados impostos nos engenhos e nas fazendas coloniais, que escreveram essa história”, explica.

Como ponto alto, o palestrante discorreu sobre as diversas guerras ocorridas no Brasil Colonial como forma de resistência à exploração e escravização dos povos originários, como a chamada Guerra dos Bárbaros (1651 a 1720), que durou 69 anos, e a Confederação dos Tamoios, movimento de resistência chefiado por líderes indígenas do Litoral Norte paulista e sul fluminense. Juntos, eles organizaram uma revolta contra os colonos portugueses, que além de explorar o território, buscavam escravizar a mão de obra indígena.

“Muitos acham que os portugueses chegaram aqui e ocuparam as terras sem reação. É necessário ressaltar que os indígenas ofereceram forte resistência diante dos invasores e da colonização de exploração aqui implantada. Várias nações indígenas se revoltaram com a escravidão, as torturas, deflagrando inúmeras guerras, durante o período colonial, que ficaram conhecidas como “guerras de resistência”, depois, “guerras de extermínio”. Meu livro é uma contribuição para que esse debate se mantenha vivo e uma forma de resgate da luta de um povo pela liberdade, ante a opressão invasora,” ressaltou o prefeito.

A presidente do IHGRN, Joventina Simões Oliveira, parabenizou o prefeito pela palestra e aproveitou a ocasião para destacar que o evento faz parte do projeto “Quinta Cultural” do Instituto, projeto aberto a qualquer interessado. “A sua pesquisa prefeito está de parabéns. Foi  enriquecedora e bastante esclarecedora. O Instituto Histórico agradece o seu conhecimento, e a oportunidade de compartilhá-lo com todos nós”, disse.

Álvaro Dias, agradeceu a todos os presentes e fez questão de ressaltar a importância da valorização, do respeito pela cultura e história dos povos indígenas, fundamentais para uma sociedade justa e inclusiva.

“Combatendo com arcos e flechas contra canhões, fuzis e mosquetões, os índios nada puderam fazer. Foram praticamente dizimados. Nada disso foi contado em nossa história. Quis revelar tudo isso para que possamos compreender melhor a verdadeira trajetória de bravuras, lutas e resistência desses povos que aqui estavam e não tiveram voz, não puderam falar ou expor sua versão. Precisamos conhecer melhor essa história para compreender melhor a realidade atual. Porque é estudando e conhecendo o passado que podemos entender o presente e, acima de tudo, pensar e projetar o futuro”, finalizou.

IHGRN
Localizado na Rua da Conceição, 622, Cidade Alta, o Instituto Histórico e Geográfico do RN é a mais antiga instituição cultural do Rio Grande do Norte, possuindo um dos mais ricos acervos acerca da cultura, geografia e história do estado e do Brasil. O local está aberto à visitação gratuita, de segunda à sexta-feira, das 08h às 11h30. Também promove exposições, palestras e outras atividades voltadas à manutenção e divulgação da cultura, história e geografia norte-rio-grandense. Suas atividades são sustentadas pelos sócios e por recursos públicos mediante leis de incentivo à cultura e convênios.

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, é sócio benemérito do IHGRN desde março de 2022. A honraria foi entregue durante a cerimônia comemorativa aos 120 anos do Instituto, sendo concedida às pessoas que tenham prestado relevantes serviços ao o Instituto Histórico e Geográfico, contribuído para sua manutenção, seu patrimônio e sua elevação cultural e ética.

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