O Governo do Estado do Rio Grande do Norte reconheceu o bordado labirinto como Patrimônio Cultural e Imaterial. O labirinto é uma importante fonte de renda da comunidade do Reduto, localizada no município de São Miguel do Gostoso/RN, litoral norte potiguar. Com esse reconhecimento, as labirinteiras ganham mais visibilidade, e seus trabalhos passam a ser reconhecidos não apenas pela sua beleza estética, mas também pelo valor cultural que carregam, reforçando a identidade do povo potiguar e sua rica herança artesanal.
Proposta pela deputada estadual Divaneide Basílio, por sugestão da produtora cultural e autora do projeto Faces do Reduto, Mônica Mac Dowell, a lei foi sancionada pela governadora Fátima Bezerra no último dia 03 de setembro de 2024 através do Diário Oficial do RN. São considerados patrimônio imaterial expressões artísticas, representações, conhecimentos e técnicas que integram um grupo ou comunidade, como a feira do Alecrim em Natal, as festas de Sant’Ana em Caicó e Currais Novos, o prato ginga com tapioca, dentre outros.
“Esse reconhecimento é muito importante e eu fiquei muito feliz e emocionada de ver que esse trabalho tão bonito que a gente desenvolve há tantos anos aprendendo com as mestras labirinteiras agora é um patrimônio cultural do nosso Estado” relata Robéria Menezes, a mais jovem labirinteira do Reduto e supervisora local do Projeto Faces do Reduto.
O Bordado Labirinto é uma forma única e valiosa de expressão artística e cultural. Sua técnica envolve várias etapas como desfiar o tecido, torcer, encher e perfilar. É uma técnica artesanal minuciosa e cheia de simbolismo intrincados e padronagens que lembram os labirintos, representando um valioso legado cultural transmitido por gerações de mulheres em diversas comunidades.
No Reduto, o bordado de labirinto não é apenas uma prática artística, mas também uma fonte de sustento e identidade cultural para a comunidade. Cada peça carrega a marca das mãos de suas artesãs, refletindo um saber-fazer que transcende o tempo e conecta o passado ao presente. Segundo a deputada Divaneide Basílio, autora da proposta, por ser repassado de maneira informal de uma geração a outra, é importante garantir a sua preservação e valorização visando garantir a sustentação econômica de muitas artesãs e suas famílias. “A iniciativa tem o objetivo de preservar, proteger e promover essa tradição significativa para as gerações presentes e futuras”, afirma.
Projeto Faces do Reduto
Faces do Reduto é um projeto realizado pela Green Points, coordenado por Mônica Mac Dowell, que tem o objetivo de promover e valorizar os saberes e tradições da Comunidade do Reduto. Desenvolvido a partir de 2020, o projeto contempla diversas iniciativas socioculturais, como a produção de documentários, oficinas profissionalizantes, exposições e consultorias. Atualmente, conta com o patrocínio do Governo do Estado e do Instituto Neoenergia, por meio do Programa Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, e com o apoio do Sebrae/RN e do Instituto Riachuelo.
No audiovisual, contempla a Trilogia Poética do Reduto, que congrega os curtas-metragens “Rosa de Aroeira” (2020), “A Deus Querer” (2022) e “Julião, filhos da praia” (2024), roteirizados e dirigidos pela documentarista Mônica Mac Dowell. Os filmes oferecem ao público uma visão profunda e poética da vida na comunidade, enquanto ressaltam a importância da preservação do patrimônio cultural imaterial e da valorização das pessoas que mantêm essas tradições vivas.
A trilogia foca em diferentes aspectos da vida e da cultura em Reduto, retratando a complexidade e a riqueza cultural dessa pequena, mas significativa comunidade. E se configura não apenas como um registro histórico e etnográfico, mas também como uma homenagem ao poder de resiliência e à riqueza cultural do Reduto. Com o Faces do Reduto e a Trilogia do Reduto, Mônica Mac Dowell estabelece uma ponte entre o passado e o presente, documentando as faces e as vozes de uma comunidade que, através de sua arte, mantém viva uma identidade cultural rica e única no cenário potiguar.
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