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Estudantes conhecem a dança do Toré na Paraíba.

Estudantes conhecem a dança do Toré na Paraíba.

Redação/Portal de Notícias e Fotojornalismo Natal/eliasjornalista.com

Com a proposta de fazer um intercâmbio cultural para os estudantes da rede pública, o Instituto Hecos(RN) realizou uma aula de campo nas terras indígenas Potiguara, conduzindo alunos das escolas municipais João Gomes, Nestor Lima, Augusto Severo e IFRN de Parnamirim para Baía da Traição(PB). Cerca de 50 pessoas entre professores e alunos foram conhecer de perto a cultura indígena paraibana.
O Instituto Hecos quer transformar esse projeto com apoio da Câmara Municipal de Parnamirim, realizando periodicamente esses passeios por lugares que preservem e valorizem a cultura nordestina e também sirva como temas para redações para ampliar os conhecimentos escolares.

O vereador Ricardo Gurgel, presidente da Câmara Municipal de Parnamirim, explicou durante o percurso que estava participando de uma missão inédita, um evento piloto para implantar a “Câmara Cultural” na cidade. “Estamos visitando uma cultura indígena, é uma aula ao vivo que vai ficar na memória de todos vocês para o resto da vida. Ir a uma comunidade indígena e conhecer seus usos e costumes será uma história para ser contada aos seus filhos no futuro”, disse, Ricardo Gurgel.

Os estudantes visitaram no percurso a igreja em estilo germânico no centro de Rio Tinto. A cidade foi fundada pelo sueco Frederico Lundgreen, fundador do império industrial que chegou a empregar seis mil operários, entre as décadas de 1940 e 1950, importando, da Alemanha, uma casta de tecelões especializados em tecidos de algodão e linho.
Na aldeia Marcação e do Forte, presenciaram a dança do Toré, tradicional ritual que reúne as famílias indígenas em circulo onde os participantes executam músicas da cultura Potiguara. A dança toré é a principal referência cultural e religiosa Potiguara. O ritual é praticado por crianças, jovens e adultos nas mais importantes manifestações indígenas: na dor e na alegria, no nascimento e na morte, nos encontros, nas assembléias, nas festas, etc. Para iniciar o Toré os índios se prostram de joelhos diante da mãe terra e de cabeça baixa veneram ao Deus Tupã. Essa reverência simbólica dos índios pode ser comparada à sagrada da eucaristia para os cristãos católicos.

Após o pedido solene de permissão vários círculos concêntricos são formados em volta dos tocadores. O primeiro círculo é o das crianças; em seguida o dos jovens; os demais círculos são compostos pelos adultos. O cacique e demais lideranças ficam próximo dos tocadores e através do maracá oficializam a abertura do ritual. Os tocadores começam a entoar a música e todos os presentes começam a cantar e a dançar, sempre em círculo, um índio atrás do outro, no sentido anti-horário. A dança é individual e em nenhum momento se abraçam ou dão as mãos.
O ritual se constitui num conjunto de cantos e danças e na ingestão de jurema, infusão feita da entrecasca da raiz desta árvore, posta a macerar para produzir o vinho. Na mata há uma clareira, o “limpo”, onde ocorreu o ritual, é denominada Encanto. Os instrumentos usados no toré são o tambor (zabumba), os maracás e uma espécie de flauta ou gaita, sempre tocados pelas pessoas que ficam no centro do círculo. Próximo do tocador ficam as lideranças e as pessoas que são referência na aldeia. Através do maracá o cacique determina quando é hora de parar e todas as pessoas que estão com maracá na mão fazem o mesmo gesto e param. “sem maracá ninguém dança… quando a gente está tocando a gente tá agradecendo a Deus Tupã pela saúde, pela paz, pela educação dos nossos curumins…”

O Pajé fez uma defumação medicinal em um dos visitantes. No fornilho do cachimbo são colocados pedaços de folha de jurema, tabaco, alecrim, incenso. Aceso o cachimbo, é colocado ao contrário na boca do contramestre. Na boca coloca o fornilho, assopra, fazendo a fumaça sair pelo canudo (cânula) do “gaita”.
A defumação é feita primeiramente da cabeça, desta para os pés, depois braço direito, a seguir esquerdo, parando mais tempo na esquerda, por onde podem entrar os maus. Vira depois o defumado e faz as defumações pela frente da cabeça aos pés. Em algumas pessoas, o presidente, depois de defumado pelo auxiliar, pega nas mãos e dá três puxões para baixo. A defumação é um processo de cura e também para livrar de maus-olhados, função preventiva e curativa. Os estudantes ainda observaram o artesanato, as pinturas de corpo, cocares e indumentárias.

Após a dança do Toré, ocorreu a visita as ruínas do Forte da Baía da Traição. Os franceses, visando à exploração do pau-brasil, fundaram uma feitoria na baía da Traição, que funcionou como ponto de convergência de todo o madeiramento abatido naquela região. Para a sua defesa, ergueram um fortim. Estas edificações foram destruídas por Martim Leitão, na época da conquista portuguesa. Nenhum vestígio dessa fortificação chegou até nós, a não ser alguns dos antigos canhões, dos quais exemplares se encontram na sede municipal. Outro ponto visitado foi as ruinas da Igreja de São Miguel, construída no século XVI pelos Jesuítas.
A estudante Maysa Isabelle, 13 anos, aluna do oitavo ano da escola municipal João Gomes, achou muito interessante a aula de campo: “Gostei principalmente da história da igreja e também da dança do Toré, são bens culturais que devemos ter conhecimento”, afirmou. Para Jane Kelly, 15 anos, aluna da mesma escola e turma, “Achei muito legal! Não conhecia a dança indígena e fiquei muito curiosa com o ritual do pajé junto com o grupo. Também achei o artesanato muito criativo”, ressaltou.

O projeto Cultura Indígena realizado pelo Instituto Hecos contou com o apoio cultural do vereador Ricardo Gurgel, através da Câmara Municipal de Parnamirim, da loja AC Esporte e do coordenador Marcelo Camilo do IFRN/Centro/Natal. A próxima aula de campo será no patrimônio histórico de Olinda e no Instituto Ricardo Brennand em Recife(PE)

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