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As anotações diárias realizadas por cuidadores de idosos são tema de pesquisa do Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres) campus Currais Novos, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O objetivo é identificar a forma como os idosos estão sendo tratados pelos profissionais a partir da análise dos registros textuais. “É comum os familiares acompanharem as atividades dos cuidadores e o comportamento dos idosos por meio desses escritos”, afirma a coordenadora da pesquisa e professora do Departamento de Letras do Ceres Currais Novos, Ana Maria de Oliveira Paz.
A pesquisadora explica que o interesse em analisar a prática dos cuidadores de pessoas idosas surgiu de uma demanda social, que é o envelhecimento da população brasileira. “A gente vê denúncias sobre maus tratos de idosos, discussões sobre a longevidade da população brasileira, programas de políticas públicas voltadas para essa faixa etária e a Universidade não pode ficar fora disso, precisa discutir essas temáticas que circulam socialmente”, analisa Ana Maria Paz.
Para verificar o tratamento dado aos idosos, foram reunidos cadernos de registros utilizados por cuidadores. “É um trabalho de natureza documental. Nós reunimos os registros e vamos trabalhar no que está posto nos escritos, estudar como eles se organizam em termos estruturais, conteúdo e estilo. Além de avaliar os termos mais utilizados e as escolhas linguísticas”, explica a coordenadora.
A pesquisadora acredita que além de estudar o tratamento dado aos idosos, a análise dos textos permite ter um retorno sobre a formação das pessoas que completam cursos técnicos e universitários. “Os profissionais são lançados no mercado, mas depois não há um resgate sobre o que eles estão fazendo. Estudar a produção escrita é uma maneira de acompanhar e de avaliar como a formação está sendo implementada na prática”, defende Ana Paz.
O projeto Práticas de Letramento Laboral: um estudo das escritas dos cuidadores de idosos em serviço foi iniciado em 2016. Os textos que compõem a pesquisa foram produzidos por dois cuidadores. Um deles é formado em Enfermagem e o outro tem experiência na área, mas não tem formação específica. “Vamos observar para ver o que há em comum entre os dois registros”, descreve.
A estudante Milana Sayonara Gomes da Silva é uma das integrantes da pesquisa. Aluna do 7º período da graduação em Letras do Ceres Currais Novos, a universitária atua na análise dos textos. “Além do processo de formação acadêmica, tenho um interesse pessoal pela pesquisa, porque minha mãe é cuidadora de idosos e isso amplia a minha visão sobre a prática profissional”, conta Milana Sayonara.
A universitária diz estar contente com a contribuição social da pesquisa. “Nosso trabalho tem uma implicação social. Quando se discutem temáticas como o envelhecimento, surgem reflexões no meio acadêmico e na sociedade”, relata.
Letramento Profissional
Especialista em estudos de Letramento Profissional, a coordenadora da pesquisa Ana Maria de Oliveira Paz é responsável por uma série de trabalhos ligados à escrita após a formação profissional. “A Universidade prepara as pessoas, mas pouco se estuda acerca do que elas fazem após a formação. Nossas pesquisas mostram o que os profissionais escrevem quando estão em atividade. Há muitas práticas de escrita nos diferentes domínios. Nosso foco é estudar esses textos e valorizá-los”, afirma.
A pesquisadora conta que teve contato com a escrita profissional no Doutorado, quando estudou o que enfermeiros e técnicos de enfermagem escreviam durante seus turnos de trabalho. “A partir disso, fui seduzida pelo letramento profissional. Percebi que não havia uma preocupação nas pesquisas com essa área. Depois desenvolvi estudos com condutores de veículos, agentes comunitários de saúde e profissionais do judiciário”, relata.
Por meio de suas pesquisas, Ana Paz pretende ampliar as discussões e a reflexão sobre os estudos de letramento. “A escrita é uma tecnologia indispensável. É fundamental às atividades humanas nos diferentes segmentos sociais”, analisa.
Fonte: Agência de Comunicação da UFRN – AGECOM
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