Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal realiza Cerimônia alusiva a Batalha Naval do Riachuelo.
Redação/Portal de notícias e fotojornalismo Natal/eliasjornalista.com
O Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal realizou na manhã desta sexta-feira (8), cerimônia alusiva ao 153º aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, despedida dos militares transferidos para a reserva remunerada da Marinha, troca de platina e divisas dos militares promovidos, imposição de medalha militar e entrega de título de amigo do Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal. A cerimônia foi presidida pelo Capitão de Fragata (FN) Luiz Otávio, Comandante do Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal e contou com a presença dos familiares dos agraciados.
BONO ESPECIAL
GERAL
BRASÍLIA, DF.
Em 11 de junho de 2018.
ORDEM DO DIA Nº 2/2018
Assunto: 153º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha
Há exatos 153 anos, marinheiros brasileiros foram instados ao árduo sacrifício do
combate, uma vez que a soberania da Pátria encontrava-se ameaçada. Na ocasião, a
Marinha Imperial, vocacionada a atuar em águas azuis de nosso imenso litoral, viu-se
desafiada a desdobramento em bacia fluvial, de difícil navegação, para a qual os
meios navais de maior porte se mostravam inadequados.
Ao alvorecer de onze de junho de 1865, a nossa Esquadra, fundeada no Rio Paraguai nas
proximidades de Corrientes, avistou os navios inimigos que, descendo o Rio, foram
posicionar-se próximo à foz do Arroio Riachuelo, em cujas barrancas também havia
artilharia e tropas adversárias. A força naval brasileira suspendeu em perseguição ao
inimigo, dando início ao feroz combate, que, em sua primeira fase, foi-nos
desfavorável: a Canhoneira “Parnaíba”, em encarniçada luta após ser abordada, sofreu
muitas avarias e perdeu grande parte de sua tripulação; a Corveta “Jequitinhonha”,
presa a um banco de areia, permaneceu sob intenso fogo das baterias de terra; e a
Corveta “Belmonte”, tomada por incêndio e com 37 rombos em seu casco, encalhou para
não afundar.
Em tais circunstâncias, adquiriram grande protagonismo os atributos de valor e
coragem dos combatentes dos dois lados em conflito, jovens heróis que, como
Greenhalgh e Marcílio Dias, sacrificaram suas vidas naquele embate cruento. Virtudes
de patriotismo, superação, comprometimento e abnegação tornaram-se os atores
principais na batalha cuja vitória, fruto da competência e arrebatamento do Almirante
Barroso, mostrou-se decisiva para os rumos que a guerra veio a tomar.
No decorrer do combate, Barroso, embarcado na legendária Fragata “Amazonas”, içou
sucessivos sinais que guiaram e insuflaram os comandantes dos navios e suas
tripulações. Hoje, a memória desses sinais nos incute força e inspiração para fazer
frente aos difíceis desafios que a Nação enfrenta.
O primeiro – “Preparar para o combate!” – disseminado instantes antes do eclodir da
sangrenta refrega, serve agora para alertar-nos da importância da manutenção de
adequado Poder Naval desde os tempos de paz, pois, quando formos chamados à ação, não
haverá tempo para preparação ou espaço para a improvisação. No contexto atual de
ausência de ameaças percebidas, não podemos nos deixar seduzir pela crença na
perenidade da paz. Lembremo-nos que, quando a fatalidade da guerra nos atingir, os
mesmos que hoje relegam a segurança externa e criticam os gastos militares serão
implacáveis na cobrança de êxitos e no julgamento de eventuais fracassos decorrentes
da falta de aprestamento.
O segundo – “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!” – traduz o compromisso
de cada brasileiro de ontem, de hoje e das gerações futuras com um País capaz de
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atender as legítimas aspirações de seu povo. Somente uma conduta irrepreensível,
refletida nas pequenas atitudes cotidianas e no maduro acatamento do conjunto de
princípios e valores morais que nos governam, será capaz de criar uma sociedade
harmônica e ordeira, com a qual todos sonhamos.
“Cerrar sobre o inimigo e atacar o mais próximo possível!”, bem representa a coragem
e a determinação de vencer e de jamais vacilar na defesa dos interesses maiores da
Nação. O destemor ao enfrentar os problemas e adversidades, por maiores que sejam,
deve estar incutido em cada um de nós.
Por fim, “Sustentar o fogo, que a vitória é nossa!”, sinal que fortaleceu o ânimo dos
combatentes à época, impregna-nos hoje do sentimento de vibração e resiliência e
leva-nos a redobrar os esforços na construção de um futuro belo e digno para o
Brasil.
Nesses tempos incertos e nebulosos, a Pátria navega em mar encapelado, hesitando na
busca de um rumo que nos traga maior estabilidade interna e um mínimo de coesão em
torno dos grandes objetivos de desenvolvimento econômico e social.
A Marinha tem fundamental contribuição a dar para superar a crise que se abate sobre
a Nação, a exemplo do que fizeram aqueles heróis de Riachuelo. Somos uma sólida
Instituição, presente em todos os marcantes momentos da história do Brasil, forjada
nos mais caros valores de nossa civilização, com acentuado espírito nacional e com
atuação pautada nos preceitos constitucionais, fiel aos pilares da hierarquia e
disciplina. Atuamos nos mais longínquos rincões deste imenso território, muitas vezes
sendo os únicos representantes do Estado para milhares de brasileiros. Executamos
nossas tarefas principais e subsidiárias com grande entusiasmo, mesmo quando à custa
de grande sacrifício pessoal e familiar.
Meus comandados, após o exitoso desfecho de Riachuelo, o Almirante Tamandaré,
Comandante em Chefe da Força Naval em Operações na Guerra da Tríplice Aliança, assim
escreveu ao Almirante Barroso: “O Governo Imperial e a Nação inteira devem a Vossa
Excelência perenal reconhecimento, e eu, por minha parte, sinto-me possuído de
orgulho por ter a honra de comandar chefes, oficiais, marinheiros e soldados tão
bravos e dedicados à causa nacional.” Essa mensagem de nosso Patrono não poderia ser
mais atual e expressar melhor os meus sentimentos, como seu Comandante, em fazer
parte deste maravilhoso e invicto barco chamado Marinha do Brasil. Agradeço a todos
que o guarnecem, militares e civis, homens e mulheres, por tão bem desempenharem suas
obrigações e engrandecerem, de forma irretocável, a imagem da Instituição.
Assim, nesta Data Magna, é meu dever lembrar e prestar honras aos nossos Marinheiros
e Fuzileiros Navais que padeceram em ação no dia onze de junho de 1865, bem como aos
que deram suas vidas pelo País em tantas outras batalhas e nas Campanhas do
Atlântico. O fogo sagrado desses brasileiros, juntamente com sua bravura e
determinação, forjou a alma de nossa Marinha, permanecendo vivo dentro de cada um de
nós. Que seus exemplos inspirem os nobres agraciados com a Ordem do Mérito Naval, aos
quais publicamente cumprimento pela comenda. Enverguem-na com muito orgulho! As
tradições de nossa Força bem representam a bela história do País.
Viva a Marinha! Tudo pela Pátria!
EDUARDO BACELLAR LEAL FERREIRA
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha
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