O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse o seguinte numa entrevista recente: “Nosso sistema político está podre, deu cupim nele, bichou. E a população percebeu isso”. Quanto à podridão do sistema, ok, ninguém há de esconder esta realidade, principalmente porque o mal cheiro é forte. O povo sente e por isso percebe. Mas então o ex-presidente propõe algo que o povo ainda não aceita com facilidade: privatizar tudo o que for possível. E por quê? Porque, segundo FHC, “quando se fala que uma estatal pertence ao povo, não é verdade, pertence aos políticos e aos grupos de interesses ali organizados”. Na mosca!
MEU ESTADO, MINHA FORTUNA
A Operação Lava Jato escancarou o aparelhamento do Estado por políticos, burocratas e empresários selecionados a dedo para assaltarem o Estado e fazê-lo trabalhar não para o povo, e sim para seus projetos pessoais de poder e enriquecimento. É exatamente isso que diz o ex-presidente FHC, certamente com conhecimento de causa. Mas mesmo sabendo disso, porque ainda há resistência à privatização dos penduricalhos estatais que servem pouco ao povo e muito às quadrilhas que os ocupam?
VELHAS E FRACASSADAS LIÇÕES
É que a demonização da privatização e do empreendedor criou uma mentalidade que ainda resiste no imaginário de muitos brasileiros de boa-fé. Essas pessoas acreditam que a venda de um patrimônio público é ruim para o povo, que terá seus benefícios cortados e geridos pela cruel e malvada iniciativa privada sem a salutar interferência estatal. E não é por acaso: o ódio ao mundo empresarial é habilmente espalhado pela esquerda desde os bancos escolares até os mais altos níveis educacionais, impregnando várias gerações de brasileiros com as lições mofadas e fracassadas do velho Karl Marx, para quem o empresário é nada mais que um explorador do suor do trabalhador. Assim sendo, nada de bom poderá vir de uma empresa privada, mas do Estado…
OS BEBÊS ESTATAIS
…do Estado é só alegria! Da coisa pública, gerida por políticos e burocratas, só pode vir benefícios e desenvolvimento. E se não vier, é porque deturparam a nobre missão estatal. Mas se há os de boa-fé que acreditam piamente na infalibilidade da ação estatal, há um número ainda maior dos que querem um Estado gigante para ocupar seus espaços. Não me refiro aos bons funcionários públicos que dão o seu melhor em suas funções; refiro-me àqueles maliciosos e ineptos que vivem em busca de uma teta estatal para tirar alguma vantagem sem muito esforço, um carguinho comissionado, uma licitação fraudada, um contrato camarada etc. Esses são como cupins e estão expostos à luz do dia, andando por aí felizes e sorridentes até o dia em que são visitados logo cedo pela Polícia Federal.
PRIVATIZAR PARA LIMPAR
Não que todos os empresários sejam dignos de crédito e confiança, mas só há uma coisa pior do que um mau empresário: um empresário que se associa com um político para fazer negócios com o Estado. Por isso, falar em privatização é um meio de defesa do cidadão de bem deste país. Tanto para cortar o mal pela raiz, extinguindo os espaços onde grupos espúrios sugam os recursos “públicos”, quanto para retirar o Estado de várias atividades onde ele nada pode fazer de bom, a não ser sufocar ainda mais a sociedade com sua ação deletéria e ineficiente.
Fonte: Portal Agora RN.
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