A terça-feira (21) foi o último dia oficial do carnaval. Após dois anos sem a festa por conta da pandemia da Covid-19, os natalenses de todas as regiões da cidade puderam se divertir, dançar e pular carnaval com a programação oferecida pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) e a Fundação Capitania das Artes (Funcarte). Mas para muitos natalenses, a folia ainda não havia acabado e se estendeu até esta quarta-feira de cinzas. No bairro da Redinha, dois blocos se destacam por fazerem nesta data, a alegria da população local: o Bloco do Gari e o Bloco Baiacu na Vara, ambos tradicionais e muito queridos.
Com muita festa, música boa e cantoria, o Bloco do Gari realizou a sua 18ª edição logo pela manhã. O bloco é realizado em parceria com a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) e existe como uma homenagem a todos os profissionais da limpeza urbana que trabalham a serviço da cidade durante o carnaval.
Ana Cristina da Silva Santos, que se intitula como Cristina Gari e é profissional da Urbana, participa do bloco desde 2008. Com sorriso aberto, brilhos no rosto e muita energia, ela fica responsável por carregar o estandarte do Bloco e comenta sobre o carinho que tem pela festa: “A importância do Bloco dos Garis é mostrar que a gente trabalha o ano inteiro e também temos direito como seres humanos, de curtir a folia. Depois de limpar tudinho pra sociedade, a gente mostra a grandeza da nossa profissão e da nossa empresa, Urbana de Natal.”
A festa feita pelos garis na Redinha foi acompanhada por diversos foliões e pela população que observava e dançava nas ruas ou em suas casas. Animada, a doméstica Maria de Fátima fez questão de acompanhar o Bloco do Gari desde a concentração: “Toda vida eu venho, é tradição. É o frevo, né!?”.
O bloco saiu de um posto de gasolina na entrada da Redinha, passou pela praia e seguiu até a Praça do Cruzeiro, no coração do bairro, onde encontrou outra folia, a do bloco Baiacu na Vara.
O Bloco Baiacu na Vara foi fundado em 1990, há 33 anos atrás, pela carnavalesca Cristina Medeiros, que se inspirou em um bloco de Olinda (PE), o Bacalhau do Batata. Surgiu da necessidade de continuar o carnaval até a quarta-feira de cinzas e faz isso com maestria, atraindo foliões de todas as idades. Não é à toa, que o bloco recebeu em 2022, o título de Patrimônio Cultural de natureza imaterial da cidade de Natal, através da Lei nº 7.297.
Antes mesmo do bloco sair, a aposentada Salete Jeremias já declarava o seu carinho e fidelidade ao Baiacu na Vara, além da saudade que sentiu pela não realização em 2021 e 2022: “É tradição, todos os anos eu venho, porque não posso ficar em casa com uma animação dessa. Eu tava pedindo a Deus que essa pandemia passasse pra voltar”.
Com a chegada do Bloco dos Garis à praça, as duas festas se juntaram para acompanhar o show da banda Perfume de Gardênia, no palco. Em seguida, partiram juntos para a caminhada do Baiacu na Vara, finalizando a folia com chave de ouro para a população da Redinha.
Fotos: Elias Medeiros/Demis Roussos.
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