A Campanha da Fraternidade, que neste ano debate a problemática da fome, foi tema da audiência pública, realizada nesta sexta-feira (22), na Câmara Municipal de Natal, através de uma proposição do vereador Milklei Leite (PV).
“O tema é desse ano, mas o problema é de todo dia. A fome continua. Vivenciamos isso e após a pandemia esse índice mais que dobrou. Devemos criar políticas públicas efetivas para incluir essas pessoas no mercado do trabalho, não esquecendo o emergencial, que é matar a fome hoje de quem precisa”, disse o vereador.
Em 2022, levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), apontou que 33,1 milhões de pessoas no Brasil não têm garantido o que comer. O padre Robério Camilo, coordenador arquidiocesano da campanha no RN, ressaltou que a doação de alimentos é uma iniciativa emergencial, mas que é preciso ir além. “Não é só dar um prato de comida, mas fazer com que aquela pessoa saia da situação de fome e dar-lhe dignidade para não perpetuar na miséria. A solução está no emprego para todos, na geração de renda e oportunidades. A campanha vem trazer, por meio da luz de Deus, a realidade já visível para nós, mas também soluções que já têm dado certo no Brasil”, explicou.
Como gesto concreto, a coordenação arquidiocesana busca fortalecer as “Bodegas Solidárias”, que são espaços criados para o enfrentamento à fome, através de doações, bem como para construir momentos de formações sócio-político junto as famílias em vulnerabilidade social. “O que a campanha quer é trazer a reflexão para a sociedade para que se transforme em política pública. Citamos a bodega solidária, que é um equipamento de combate à fome, onde se discute moradia, saúde, emprego, habitação e alimento e que pode se tornar uma política pública”, enfatizou o coordenador da rede SAR (Serviço de Assistência Rural e Urbano), Diácono Márcio Francisco.
Lançada em 1964, em Nísia Floresta/RN, através de uma iniciativa do então bispo Dom Eugênio Sales, a Campanha da Fraternidade é uma forma da igreja Católica celebrar o tempo da Quaresma, com oração, jejum e caridade, associados à reflexão e ação sobre um tema específico. “Hoje é um movimento presente em todo o Brasil para nos mostrar que devemos nos preocupar com o próximo. Neste ano, abre nossos olhos para o irmão que passa fome, resgatando a proposta de evangelização que foi e continua sendo muito válida”, destacou o padre Ajosenildo Nunes, pároco de Nísia Floresta.
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