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Crédito Alessandra Cabral/CPB.

Em prova eletrizante, Wallison Fortes cruzou a linha de chegada em queda e teve a sua primeira medalha mundial após desclassificação de adversário; país conquistou mais cinco pódios na manhã deste sábado, 25, último dia da competição

O Brasil encerrou a sua melhor campanha dourada em Mundiais de atletismo com a medalha de ouro do gaúcho Wallison Fortes nos 200m T64 (para amputados de membros inferiores com prótese) na manhã deste sábado, 25, em Kobe, no Japão. Além dele, o país conseguiu mais cinco pódios na última sessão de provas no estádio Kobe Universiade Memorial Stadium: uma prata, com Thalita Simplício, e quatro bronzes, com Jerusa Geber, Lorraine Aguiar, Rayane Soares e Rodrigo Parreira.

A medalha brasileira mais eletrizante deste sábado foi de Wallison Fortes, um dos estreantes na competição. Na última disputa do Mundial, ele cruzou a linha de chegada dos 200m T64 sofrendo uma queda, e o photo finish (imagem digital da chegada) determinou a medalha de prata para o brasileiro por um braço na frente dos adversários.

Porém, logo após a prova, o italino Francesco Loragno, medalhista de ouro até então, foi desclassificado por ter invadido a raia adversária. Com isso, Wallison foi considerado o primeiro colocado.

Com mais este ouro, o Brasil ampliou a sua melhor campanha dourada na história dos Mundiais de atletismo, com 19 pódios dourados, superando as 16 vitórias registradas em Lyon 2013, que até então era o recorde do país. Em nove dias de competição, os brasileiros ficaram apenas um dia sem conseguir colocar a bandeira do país no lugar mais alto do pódio. A Seleção Brasileira terminou na segunda posição do quadro geral de medalhas, com 42 no total, sendo 19 ouros, 12 pratas e 11 bronzes. A líder foi a China, com 33 ouros, 30 pratas e 24 bronzes.

“A gente sai daqui [Kobe] com um sentimento de alegria, uma sensação de dever cumprido. Mas, por outro lado, com sentimento de um baita desafio e de muita expectativa para os Jogos Paralímpicos de Paris, que são o nosso principal objetivo do ciclo. O Campeonato Mundial demonstrou que nós estamos no caminho certo. Muita gente nova chegando por meio de nossos projetos de formação, como a Escola Paralímpica de Esportes, os Centros de Referência e o Camping Escolar Paralímpico. Esse Mundial nos deixa a certeza de que o futuro será ainda melhor que o presente”, avaliou Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e bicampeão paralímpico no futebol de cegos (Atenas 2004 e Pequim 2008).

Wallison conquistou o ouro, a sua primeira medalha mundial na carreira, com o tempo de 23s11. O japonês Kengo Oshima foi prata, com 23s13, e o neozelandês Mitchell Joynt foi bronze, com 23s15.

“Estou muito feliz porque isso garante a minha vaga nos Jogos Paralímpicos. Foi uma bela estreia em Mundiais. Não é mérito só meu. É de toda a equipe. Foi um momento muito díficil, ver a nossa casa muito afetada pela chuva, meus pais passando por aquela situação. Mas isso me encourajou”, desabafou Wallison, que é nascido em Eldorado do Sul, um dos locais mais impactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

Com a medalha de ouro, ele atinge um dos critérios de classificação elaborados pelo CPB para os Jogos de Paris 2024. No entanto, todos os atletas devem aguardar a convocação do CPB, que deve ser realizada entre junho e julho, para ter oficialmente a presença na capital francesa.

Já na prova dos 200m T11 (deficiência intelectual) feminino, mesmo com duas atletas brasileiras presentes, a chinesa Cuiqing Liu cravou o novo recorde mundial, com 24s36, e ficou com o ouro. A potiguar Thalita Simplício chegou na segunda colocação, com 24s95, e conquistou sua segunda medalha na competição. Havia sido ouro nos 400m T11.

A acreana Jerusa Geber, que era a atual campeã mundial da prova, completou o pódio em terceiro lugar, com 24s98. Foi a 11ª medalha da velocista na história dos Mundiais de atletismo.

“Essa prova estava engasgada desde os Jogos de Tóquio, quando perdemos por quatro milésimos no photo finish. Confesso que gostaria muito de conseguir esse ouro. Saí um pouco ruim na curva, mas depois recuperei durante a prova. Agora vamos fortes para Paris 2024”, disse a atleta, que nasceu com glaucoma.

A capixaba Lorraine Aguiar também disputou uma final nesta sessão final de provas do Mundial. E conquistou sua terceira medalha na competição, o bronze nos 200m T12 (deficiência visual), com 25s40. Antes, ela havia sido prata nos 100m e 400m T12. A vencedora da prova foi a indiana Simran, que finalizou em 24s95.

“Estou muito feliz. O ouro não veio, mas estamos satisfeitos com a conquista de três medalhas. O Mundial passado não foi uma boa experiência, não tive um bom desempenho. Mas consegui dar a volta por cima. Ganhei mais força, mais velocidade, melhorei a parte psicológica. Agora é voltar ao Brasil e treinar mais ainda porque o objetivo maior são os Jogos de Paris”, apontou Lorraine.

Outra medalhista de bronze no último dia do Mundial foi a maranhense Rayane Soares. Na prova dos 400m T13 (deficiência visual), ela cruzou a linha de chegada em 56s78, somente um centésimo na frente da quarta colocada, a norte-americana Erin Kerkhoff. A portuguesa Carolina Duarte (55s61) foi a primeira colocada da prova e a azeri Lamiya Valiyeva (55s03) levou a prata.

“Pelo esforço que fiz na chegada dos 400m, o cansaço que senti, esse bronze valeu muito a pena. Consegui uma medalha de cada cor aqui em Kobe. Estou treinando para subir no pódio em Paris 2024”, finalizou Rayane, que obteve um ouro nos 200m, uma prata nos 100m e um bronze nos 400m

Já na noite desta sexta-feira (no Brasil), 24, o goiano Rodrigo Parreira conquistou o bronze no salto em distância T36 (paralisados cerebrais). Ele saltou 5,75m, enquanto o gaúcho Aser Ramos atingiu um centímetro a menos (5,74m). A princípio, os brasileiros haviam feito uma dobradinha, com prata e bronze, respectivamente.

No entanto, após a prova, o neozelandês William Stedman, que havia terminado a disputa fora do pódio, pediu a revisão por vídeo de um dos seus saltos e teve confirmada a marca 5,85m. Com isso, levou a medalha de prata e deixou Rodrigo Parreira com o bronze e Aser Ramos em quarto lugar, sem medalha.

O Mundial no Japão foi realizado no mesmo ano dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 após o Comitê Organizador Local (LOC, na sigla em inglês) solicitar ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês) o adiamento do Mundial, que seria em 2021, devido à pandemia de coronavírus. Com isso, a cidade japonesa sediou o evento de atletismo no ano posterior ao Mundial de Paris 2023, quando o Brasil teve seu melhor desempenho em total de pódios na história em Mundiais. Foram 47 medalhas ao todo, sendo 14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes.

 

Patrocínios
As Loterias Caixa e a Braskem são as patrocinadoras oficiais do atletismo.

 

Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Aser Ramos, Rodrigo Parreira, Jerusa Geber, Thalita Simplício, Lorraine Aguiar e Vinicius Rodrigues são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 114 atletas.

 

Time São Paulo
A atleta Jerusa Geber é integrante do Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 149 atletas.

Comitê Paralímpico Brasileiro

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