Marca Maxmeio

Postado às 06h11 CulturaDestaquePlantão [ 1 ] comentário

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Escritos da Alma

– considerações sobre cá e lá e lá e cá –

Na solidão do sabadão de finados, quando saudades batem e a mente relembra dos queridos idos, basta uns goles de malte com music para que os os dedos busquem avidamente as teclas e, num convênio com a mente fertilizada e a saudade presente, resulte em mais um escrito da alma pensante.

E como o dia nos faz refletir sobre o mundo de lá, fiquei cá matutando se já não seria melhor estar lá, que cá, pois preguiçoso de tantas coisas já vividas e de tantos muídos já experienciados, me pego em certas ocasiões pensando que lá terei mais tarefas, missões e babados, que por aqui, posto que velho e carcomido, tendemos a adorar mais a rede, que ações efetivas.

Então mergulhado nesta dúvida existencial comecei a pensar. Será que lá, terei que buscar novos amigos, ir atrás de paqueras, coisas para fazer? E se sim, estarei com a energia da juventude para isso, ou a preguiça que hoje me consome?
Quando chegar lá será que realmente verei familiares e amigos?

A grande maioria dessas pessoas é de católicos e evangélicos e suas crenças dizem que estarão tipo congeladas, esperando o julgamento final, onde os legais vão para o céu e os barras queimarão no tal inferno.
Temo chegar lá e só encontrar ativos os amigos hares, devotos de Sai Baba e espíritas, que são poucos diante da multidão cristã que convivo.

E tem mais, esses, budistas, muçulmanos, vaisnavas, espíritas e reencarnacionistas, quando chegam lá, tem suas lokas, que são como cidades, onde podem desfrutar da companhia dos que pensam igual etc.
Ando então meio preocupado, aqui começando a ter várias limitações, sensações de que já fiz tudo, chateação com essa ruma de seres negativos, mas ao mesmo tempo, sem saber como de fato será lá, que loka me receberá, se de fato estarei bem, se verei amigos e familiares e terei oportunidade de renovado energeticamente, fazer coisas boas, ter missões, poder contribuir com alguma coisa, uma vez que aqui, mesmo já combalido, ainda escrevo, fotografo, cuido da filha Mel, conto umas piadas e ajudo as pessoas dentro das possibilidades.

Creio que cá contribua com umas besteirinhas, e não sei se lá poderei ser mais efetivo.

Pensei também na língua, que danado falamos lá? Será que é mentalês? Pensamos e a pessoa saca?

Como será que estaremos, com a vitalidade do passado ou a preguiça atual?

Sei não, passei a vida toda lendo uma ruma de livros, tenho observado muitos cheios de certezas, mas confesso sinceramente, nestes sessentanos que atravesso, tô mais é cheio de interrogações.
Mas sabe de uma coisa, prefiro.

Parece que esse babado de achar que tem razão deixa a pessoa meio esquisita e esse lance de ter fé é uma grande balela. Fé é a certeza 100% em algo e vejo muitos falando que tem e, na verdade, não rola, tanto que assistimos tudo que está aí, então fé verdadeira, esquece, conta-se nos dedos quem neste planet efetivamente tem.

Gosto de aos 63 estar meio que aberto ainda.

Isso, como não farei nada pessoal para ir, enquanto a passagem não chegar naturalmente, fico aqui olhando, refletindo, fazendo umas bondades, amando os filhos, evitando polêmicas e me sentindo um bamboo oco.
Sim, afinal estando oco, a suave brisa da vida passa tranquilamente por mim e preenche-me de felicidade.

Luzzzzz 🛸

Flávio Rezende aos dois dias, décimo primeiro mês, ano dois mil e vinte e quatro, Dia de Finados, praia de Ponta Negra, Natal/RN. 19h44.

Uma resposta para “Crônica Flávio Rezende: Escritos da Alma – considerações sobre cá e lá e lá e cá –”

  1. Flávio Rezende disse:

    Gratidão alma boa

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