“Educação Libertadora” é destaque em audiência pública sobre os 100 anos de Paulo Freire.
Redação/Blog Elias Jornalista
Uma audiência pública na Câmara Municipal de Natal celebrou nesta sexta-feira (03) o centenário de nascimento do educador Paulo Freire, que criou uma metologia de ensino em defesa de uma educação preocupada com os problemas sociais e com o desenvolvimento da consciência crítica, conhecida como “Educação Libertadora”. A audiência, proposta pela vereadora Brisa Bracchi (PT) foi realizada em formato híbrido (presencial/virtual) e reuniu representantes de diversas entidades e de movimentos sociais.
“Paulo Freire segue no centro das nossas construções diárias. A pandemia aprofundou também os desafios da educação. São 11 milhões de analfabetos no país. Mais da metade está no Nordeste e são negros ou pardos. Paulo Freire ensinou a compreender que é para estes que a educação precisa chegar, dialogando com seu territórios, sua terra e suas experiências”, destacou a propositora do debate.
O método ao qual Brisa se referiu é popularmente chamado como “Método Paulo Freire” e foi desenvolvido pelo educador na década de 1960 como estratégia para a alfabetização de adultos. O Rio Grande do Norte foi pioneiro nesta experiência com o projeto que ficou conhecido como “As 40 horas de Angicos”, pelo qual cerca de 300 adultos foram alfabetizados em 40 horas naquela cidade, através das práticas educacionais orientadas por Freire.
Na audiência desta sexta-feira, professores e estudantes estiveram presentes. O reitor do Instituto Federal de Educação (IFRN), José Arnóbio Filho, reiterou que a pedagogia freiriana trabalha na questão da liberdade, emancipação e leitura de mundo. “Precisamos fazer essa leitura nas escolas, nas universidades. Na hora que o aluno tem acesso a esse conhecimento ele consegue produzir conteúdo novo”, disse ele. A pedagoga Júlia Almeida também resumiu o objetivo dessa metodologia: “É fazer com que as pessoas se percebam no mundo em que estão e, a partir disso, possam transformar sua realidade”, pontuou.
Para a deputada estadual Isolda Dantas (PT), a pedagogia freiriana tem sido combatida por uma classe conservadora. “Vivemos num mundo de pobreza de ideias e, por isso, é mais que necessário dizer que os valores de justiça, liberdade e solidariedade de Paulo Freire não morrerão. Não à toa, os conservadores e negacionistas temem tanto essa liberdade que surge através da educação”, frisou a parlamentar.
Os vereadores professor Robério Paulino (PSOL) e Pedro Gorki (PCdoB) e a vereadora Divaneide Basílio (PT) também participaram da audiência. “A melhor forma de honrar Paulo Freire é lutar pela educação, pelo seu legado e atuar pela defesa incansável, pelo povo e pela educação”, enfatizou Pedro Gorki. “Somente as lutas sociais, sem educação, sem esclarecimento, não resolvem. Não se consegue transformar um país sem que haja a mínima compreensão das pessoas. Então precisamos das lutas sociais, mas também avançar na educação”, destacou Robério Paulino.
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