Nesta segunda-feira (29), a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente na Câmara de Natal reuniu lideranças do movimento estudantil para discutir o enfrentamento da evasão escolar. Apesar do convite, a reunião não contou com a presença de representantes das secretarias municipal e estadual de Educação.
A segunda etapa do Censo Escolar da Educação Básica (2021) revelou que o RN está em 2º lugar no ranking nacional de abandono escolar. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, no início deste ano, cerca de 11 mil alunos estavam fora das escolas. De cada 100 estudantes potiguares, apenas 59 completam o Ensino Médio aos 19 anos, e somente 85,5% concluem o Ensino Fundamental aos 16 anos. Em Natal, entre 2020 e 2021, o número de matrículas na Ensino Fundamental caiu 1,7% e 3,8% na Educação Infantil. Na pandemia, o fechamento das escolas e a falta de equipamentos para acompanhar o ensino remoto agravaram o quadro de evasão escolar. E não apenas isso, mas também o crescimento do número de famílias em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar, que fez com que mais jovens fossem obrigados a ingressar no mercado de trabalho de formas prematura e precária. Não menos importante, um velho conhecido da realidade brasileira, a gravidez não planejada na adolescência continua sendo um fator de peso na evasão escolar entre as meninas, uma vez que, no Brasil, a cada mil mulheres grávidas 53 são adolescentes, número maior que a média mundial que é de 41. Diante desse quadro, para o Prof. Dr. Kildo Advair, pesquisador do Departamento de Educação da UFRN, convidado da Frente Parlamentar, o sistema baseado na meritocracia falha ao colocar no indivíduo a culpa da evasão, ignorando todo o contexto que o levou à ela. “Evadir-se significa esquivar-se. Se um jovem não pode ir à escola porque não tem transporte, porque não dinheiro para o transporte, porque não tem comida ou porque tem que ajudar o pai e a mãe a colocar comida na mesa da família, esse jovem não se evadiu da escola. Ele foi praticamente expulso da escola pelo contexto da sociedade em que vive. E a reversão desse processo começa na escuta. Precisamos ouvir esses jovens sobre o que os desmotiva”, disse o presidente da União da Juventude Socialista (UJS Brasil) e suplente de vereador, Pedro Gorki. A presidente da Associação Potiguar dos Estudantes Secundaristas (Apes), Alana Carolina, destacou a situação precária das escolas na capital e no interior do estado, muitas vezes funcionando em casas com salas de aulas improvisadas. Ela citou escolas que passaram décadas sem reformas e outras onde a merenda se resume a frutas. E lembrou que além da evasão escolar, a saúde mental dos estudantes preocupa cada vez mais. Já a diretora nacional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Gabriela Leopoldo, lamentou a falta de acesso do movimento estudantil aos gestores municipais da Educação. “Não somos recebidos nos gabinetes, para vermos nossas pautas avançarem minimamente”, queixou-se. Participaram da reunião da Frente Parlamentar, estudantes da Escola Estadual Padre Miguelinho e representantes dos grêmios estudantis das escolas estaduais Edgar Barbosa, Ana Júlia Mousinho, Ferreira Itajubá, Presidente Roosevelt e Atheneu.
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