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Pesquisador e doutor em neurociência Fabiano de Abreu revela os impactos do uso excessivo da internet na construção do ser e do comportamento social
A internet vem ocupando a vida das pessoas a cada dia. Ela se tornou fundamental para o trabalho, auxílio para a educação, importante para os meios de comunicação e interação entre pessoas de todo o mundo, e, mais recentemente, se tornou decisiva na formação e no comportamento social.
Mas, para além do entretenimento online, quais os impactos que a vida moldada pelos padrões virtuais trazem para vida real?
“Vivemos na era em que os personagens que assumimos nas redes sociais têm mais destaque do que nossas verdadeiras personalidades. Estamos nos tornando uma geração moldada pela internet, em que, o parecer é mais importante que o ser”, afirma o pesquisador e doutor em neurociências e psicologia Fabiano de Abreu. “Venho estudando há algum tempo como a internet pode afetar a sociedade e nossa forma de conduzir nossas vidas através dela. Acredito que hoje vivemos em uma sociedade que se revela em dois lados: o que somos de verdade e o que somos na tela”, detalha.
Para o especialista, o problema nessa dialética surge quando paramos de dissociar o nosso verdadeiro ser do personagem criado. “Nesse momento em que nos distanciamos de quem somos de fato, há uma perda da razão, e deixamos de ter controle sobre o nosso próprio “eu”, comportamento muito comum no transtorno de personalidade narcisista (TPN)”, alerta.
Abreu ainda explica que, o narcisismo, por já estar “instalado na mente humana”, tem pleno espaço para proliferar na sociedade, tornando-a cada vez mais superficial.
“Estamos desperdiçando nossa própria existência ao não darmos a devida importância à passagem do tempo. Estamos deixando de produzir algo para nós mesmos, para a sociedade e gastando tempo exibindo uma imagem irreal do que não somos e, provavelmente, nunca seremos”, completa.
Por fim, o pesquisador afirma que esse comportamento se tornou uma espécie de “ciclo vicioso” que, a longo prazo, pode ser extremamente prejudicial.
“Uma competição quase inconsistente, num mundo irreal, em que os próprios personagens deixam se fazer juízo de si próprios, para criarem uma imagem que, para eles, é mais relevante do que a de si mesmos. Por conta disso, acreditam ser necessário transmitir um personagem, ou seja, uma “farsa” aos outros”, finaliza.
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