O Porto de Natal fechou o ano de 2022 com um crescimento de 6,63% nas movimentações, entre embarques e desembarques. O balanço do ano foi apresentado na terça-feira (3) pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), que também registrou aumento de 10,04% no embarque de sal no Terminal Salineiro de Areia Branca (Tersab). Os resultados foram divulgados pelo diretor-presidente Carlos Eduardo da Costa Almeida, que deve deixar o cargo nos próximos dias. O brigadeiro da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) também destacou marcos da gestão, como o arredamento do Tersab, incorporação do Maruim e obtenção da licença de operação do Porto.
Em números absolutos foram movimentadas 658.434 toneladas de produtos, com predominância de frutas frescas, trigo e açúcar. Em 2021, esse número foi de 617.469. Carlos Eduardo comemorou os resultados. “É um resultado significativo. Temos a Vedette Frutas, então não só as de Jucurutu, Ipanema e as do Luiz Roberto Barcelos [da Agrícola Famosa], que produz 45% daquilo que nós exportamos aqui. Agradeço também aos fruticultores de Pernambuco, muitas frutas de lá saem por aqui porque o Porto de Natal é o que tem a menor distância da América do Sul para a Europa”, destaca o diretor-presidente.
O balanço divulgado pela Codern mostra também que em 2022 houve aumento de 19,3% do número de atracações em relação a 2021, quando passou de 181 para 216. Em contrapartida, a quantidade de contêineres foi menor no comparativo com o ano anterior: passou de 24.186 em 2021 para 19.189 em 2022. O Porto de Natal recebe com regularidade navios para exportação de sal, importação de trigo e cargas de projeto eólico e industrial, mas é na movimentação de frutas que o terminal tem seu protagonismo. Cerca de 60% de toda movimentação vem das frutas frescas.
A retomada do processo de incorporação do Maruim como uma área que permitirá a negociação de granel e contêiner também foi lembrada pelo diretor-presidente. A ampliação prevista da área operacional do Porto é de aproximadamente 6 mil metros quadrados. “Todo mundo acompanha isso há muito tempo, a ocupação do espaço, a retirada do pessoal da área do Maruim, retomamos o processo, já estamos com tudo finalizado em Brasília na Secretaria de Patrimônio da União e eu tenho certeza, que se não formos nós, a próxima diretoria vai colher esses frutos”, comenta.
Areia Branca
Em 2022, o Terminal Salineiro de Areia Branca também fechou o ano com saldo positivo. O embarque de sal superou a casa dos 2,1 milhões de toneladas, cerca de 10% a mais do que o contabilizado em 2021: 1,9 milhão de toneladas. A partir deste ano, o Tersab deve “caminhar com as próprias pernas” após ser arrendado pelo Consórcio Intersal, responsável por operá-lo pelos próximos 25 anos. Os investimentos serão de R$ 164 milhões ao longo do período. A Codern estima que a capacidade de movimentação deve saltar dos atuais 2 milhões/ano para 6 milhões de toneladas/ano.
“Foi um processo de três anos que se finaliza hoje [terça]”, diz o brigadeiro Carlos Eduardo. “É bem provável que hoje estejamos assinando o termo de aceitação definitiva por parte da empresa, depois, obviamente, de uma transição de recebimento. A partir disso eles deverão estar caminhando para fazer aquela empresa orgulho nacional, dobrando a exportação de sal. Nos próximos cinco anos estarão investindo algo em torno de R$ 150 milhões em equipamentos”, pontua Carlos.
Licença de Operação
A diretoria comunicou ainda a obtenção da Licença de Operação do Porto de Natal, concedida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema). O processo foi formado em 2011 e, ao longo dos anos, vários estudos e documentos foram protocolados, bem como foram realizadas análises técnicas e solicitações para complemento dos estudos com o objetivo de viabilizar a emissão do documento. “Esse licenciamento ambiental vai nos proporcionar mais segurança para atrair novos clientes”, enfatizou Carlos Eduardo Costa Almeida.
O diretor-presidente também destacou a recuperação do Internacional Ship and Port Security Code – ISPS Code – do Terminal Salineiro de Areia Branca e em breve desse sair do Porto de Natal, que haviam sido perdidos em 2013 e que garantem aos portos, perante os operadores portuários nacionais e internacionais, a segurança do ambiente portuário.
Iminente saída da CMA CGM preocupa
O balanço de 2022 foi anunciado em tom de despedida pelo diretor-presidente Carlos Eduardo, que espera deixar o cargo em breve. “Estamos mudando de governo, a minha figura está vinculada ao presidente que saiu, então é óbvio que serei substituído. Tínhamos ainda alguns objetivos a serem alcançados, mas a vida é assim: a gente tem que trocar. Acho que deixei minha contribuição, o meu tijolinho e toda sorte do mundo para os próximos diretores”, disse.
Carlos Eduardo foi indicado ao cargo pelo deputado federal General Girão e participou da campanha que elegeu Jair Bolsonaro. Ele também foi presidente do PSL no Rio Grande do Norte, partido pelo qual Bolsonaro disputou e venceu a corrida presidencial em 2018.
“Vim para cá porque achei que com 60 anos eu poderia ajudar mais um pouquinho a sociedade, o meu País com aquilo que eu estudei a vida inteira. Administrei organizações militares com mais de duas mil pessoas, achei que poderia motivar as pessoas a trabalharem melhor e acho que consegui”, acrescenta.
O brigadeiro, que também foi comandante da Base Aérea de Natal e da Academia da Força Aérea, destacou que a provável nova diretoria deverá receber “a casa arrumada”, mas precisará lidar com grandes desafios, sendo o principal deles a iminente saída da CMA CGM, o que deve ter um impacto negativo de R$ 5 milhões/ano.
“Hoje é a principal transportadora de frutas. Nós estamos buscando minério de lítio de Parelhas, minério de ferro de Tangará. São negócios que vão vir em dois ou três anos, então 2023 seja um ano de carência”, afirma.
Apesar do anúncio da saída do Porto de Natal da rota da CMA CGM, o martelo ainda não foi batido e há esperanças de que haja uma reviravolta no caso. “Ainda não é certo. Eles disseram que sim [que vão sair], mas eu já escuto que eles estão repensando essa decisão. O Rio Grande do Norte fica na esquina da América do Sul, a distância para a Europa é a menor, então esse é o nosso maior trunfo”, afirma Carlos Eduardo.
Em outubro do ano passado, o Grupo CMA CGM, empresa global em soluções marítimas, terrestres, aéreas e logísticas, anunciou quedeixará de operar no Porto de Natal. O período para que isso aconteça é de um ano.
A empresa já confirmou o desligamento à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) e, se a estatal não conseguir atrair novos operadores, poderá reduzir as suas operações à metade, perdendo cerca de R$ 5 milhões por ano.
As exportações potiguares poderão migrar para portos do Ceará com a saída do porto natalense da rota da CMA, que vai operar apenas com navios acima de 200 metros, o que impossibilita manobras na foz do rio Potengi por falta dos sistemas adequados de defensas da Ponte Newton Navarro e também sua limitação de altura.
A CMA CGM, empresa francesa de transporte marítimo e conteinerização, é responsável por metade das operações no porto da capital potiguar.
Números
658.434 – toneladas de produtos, com predominância de frutas frescas, trigo e açúcar, saíram do Porto de Natal em 2022
2,1 milhões – de toneladas de sal foram embarcados do Tersab em 2022, cerca de 10% a mais do que em 2021: 1,9 milhão de toneladas
Fonte: Tribuna do Norte
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