Redação/eliasjornalista.com
Em audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (19), sobre a “Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo e a Violência”, por iniciativa do deputado Fernando Mineiro (PT), as representantes das principais entidades no RN ligadas ao Movimento Negro relataram os poucos avanços nos últimos anos. Os representantes dos governos municipal e estadual não enviaram representantes ao debate. Após o debate, os participantes seguiram em cortejo pelo centro da cidade.
Mineiro disse que a audiência está inserida no respeito que seu mandato tem pela luta contra o racismo e combate à violência contra mulheres e negros. “O Rio Grande do Norte foi o Estado em que mais cresceu o assassinato de jovens e a violência contra jovens negros. É por isso que não tem repercussão, ninguém se importa e as pessoas não reagem”, afirmou o parlamentar. De 2002 a 2012 o número de assassinatos das pessoas dessa parcela da população aumentou em 250%.
A “Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver” é uma iniciativa de diversas organizações do Movimento Negro, lançada em julho passado, com o objetivo de articular as mulheres negras brasileiras para dar visibilidade às temáticas raciais femininas, abordando questões como a violência, diversidade e reparação histórica ao povo negro no Brasil. Aqui no RN, ela foi lançada em vários municípios e comunidades quilombolas.
Elisabete Lima, da coordenação nacional do Movimento Negro, afirmou que a audiência foi de suma importância para trazer para a cena pública e para a agenda do RN a realização da marcha nacional, que vai acontecer em Brasília no próximo ano. Na sua avaliação, não houve grandes avanços nos últimos anos na condição da mulher negra: “A pirâmide social ainda está com homens e mulheres brancos em primeiro e segundo lugar e depois ainda vem o homem negro e por último a mulher negra no que se refere a trabalho, saúde, educação e empreendimentos. Alguma coisa ainda não está bem”, disse.
Graça Lucas, da União dos Negros pela Igualdade (Unegro), afirmou que o RN é um dos estados mais racistas: “E aqui acontece da pior forma, velado. Estamos no ranking do Mapa da Violência e os negros tem três vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que outras etnias. Enfrentar o racismo não é só questão do negro, mas estruturante para mudança da nossa sociedade”, disse.
Teresa Freire, da Secretaria de Mulheres do PT, afirmou que as muitas alterações que precisam ser conquistadas para que negros, mulheres e jovens possam conquistar oportunidades passa pela inclusão social, política de valorização do trabalho e fim do sexismo. “Temos que casar a agenda da luta contra o sexismo e contra o racismo”, disse.
O presidente do PT em Natal, Juliano Siqueira, criticou o fato de a prefeitura ter tornado sem efeito o projeto de lei aprovado pela Câmara tornando feriado o Dia da Consciência Negra: “É eticamente impagável o que devemos aos negros por séculos de escravidão. A eles devemos o que temos de melhor e mais alegre na nossa cultura”.
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