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Foto: Rafa Neddermey Agência Brasil

No Dia Nacional da Saúde e Nutrição, celebrado em 31 de março, o Conselho Federal de Nutrição (CFN) chama atenção para a urgência de repensar os sistemas alimentares frente à intensificação das mudanças climáticas. A entidade alerta que o aumento de eventos extremos, como secas prolongadas e chuvas intensas, já impacta diretamente a produção de alimentos no Brasil — comprometendo a oferta e agravando o cenário de insegurança alimentar.

Nesse contexto, nutricionistas e técnicos em nutrição e dietética (TNDs) despontam como figuras estratégicas na promoção de sistemas alimentares mais sustentáveis e resilientes. “A crise climática está diretamente ligada à segurança alimentar. Se não repensarmos a forma como produzimos e consumimos alimentos, a população enfrentará desafios crescentes no acesso a uma alimentação adequada”, afirma a presidenta do CFN, Erika Carvalho.

A afirmação não se dá no vazio: segundo estimativas do governo federal, o setor agrícola brasileiro acumulou, na última década, perdas superiores a US$ 57 bilhões devido a fenômenos climáticos severos. Regiões como o Nordeste e o Centro-Oeste têm registrado queda nos índices de chuva, afetando a produção de grãos e hortaliças. No Sul, o problema é o oposto — o excesso de precipitações tem prejudicado colheitas e gerado instabilidade no abastecimento.

Do campo ao prato: o papel da Nutrição sustentável

A resposta à crise climática passa também pelo fortalecimento da agricultura familiar, responsável por 77% dos estabelecimentos rurais do país e por grande parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros (Anuário Estatístico da Agricultura Familiar/ FAO- 2022). Com mais de 10 milhões de pessoas empregadas no setor, ela é vista como chave para garantir um sistema alimentar de baixo impacto ambiental.

Profissionais da Nutrição têm atuado diretamente na valorização dessa cadeia, formulando e implementando políticas públicas em escolas, estabelecimentos de saúde pública e outras instituições — muitas vezes assessorando na construção de cardápios que priorizam alimentos locais, sazonais e da sociobiodiversidade brasileira. Eles também são agentes ativos na luta contra o desperdício: segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cerca de 17% dos alimentos disponíveis no Brasil acabam descartados.

“Os nutricionistas podem orientar a população sobre escolhas alimentares mais sustentáveis, ajudando a minimizar o desperdício e incentivando o consumo de alimentos da sociobiodiversidade brasileira”, diz Erika Carvalho.

Saberes tradicionais e políticas globais

Outro ponto destacado pelo CFN é a valorização dos saberes alimentares de comunidades tradicionais — como indígenas, quilombolas e ribeirinhos — que há séculos mantêm práticas sustentáveis de cultivo e consumo. Essas populações, segundo o Conselho, oferecem exemplos concretos de equilíbrio entre segurança alimentar e preservação ambiental.

A pauta também se insere no cenário internacional. Com a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), o CFN tem mobilizado esforços para garantir que a nutrição sustentável esteja no centro das discussões globais.

“A nutrição sustentável precisa estar no centro das discussões sobre o futuro do planeta. Profissionais da Nutrição são agentes estratégicos para a promoção de hábitos alimentares saudáveis e ambientalmente responsáveis”, conclui Erika.

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