No Brasil, 1.043 adolescentes de 10 a 19 anos se tornam mães diariamente. São 44 nascimentos por hora, segundo registros do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em meio a essa realidade, o “Projeto Apoio a Mães Adolescentes (AMA)” emerge para melhorar a qualidade de vida dessas jovens mães e seus filhos. A iniciativa é mantida pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) e acontece em diversas regiões do país.
O projeto possui uma estratégia dupla: prevenir e apoiar. Primeiramente, trabalha para prevenir a gravidez precoce e a propagação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) por meio de programas educativos abrangentes.
A iniciativa não se limita apenas à prevenção, mas também dá suporte para as adolescentes que já se encontram no papel de mães. O programa oferece uma série de recursos, como orientação psicológica, apoio educacional e orientação para o mercado de trabalho, com o objetivo de ajudá-las a lidar com as exigências da maternidade precoce.
Força vital
Renan Pacheco é Gerente de Projetos Sociais da ADRA no Rio de Janeiro. Por lá, a iniciativa acontece em duas localidades, Belford Roxo e Volta Redonda. O psicólogo delineia o impacto e o propósito da ação com entusiasmo. “O Projeto AMA é uma força vital que capacita jovens mães a superarem os desafios da maternidade na adolescência. Trabalhamos não apenas para combater o isolamento que essas jovens podem sentir, mas também para prepará-las para o futuro, oferecendo atividades, oficinas e treinamento profissional”, afirma.
Segundo Pacheco, o projeto inclui intervenções práticas, como fornecimento de cestas de alimentos e enxovais, palestras socioeducativas para apoiar essas mães na jornada da maternidade e outras iniciativas. “No final das contas, nosso objetivo é garantir que nenhuma mãe adolescente se sinta sozinha e que cada uma delas tenha recursos e apoio necessários para prosperar”, acrescenta o líder.
Amparo
Warda Carolina e Wemeli da Costa Leite enfrentavam seus próprios dilemas de gravidez quando cruzaram seus caminhos com o Projeto AMA.
Aos 17 anos, Warda se viu grávida e desamparada, com uma sensação de desespero que a levou a tomar decisões quase fatais. Em um momento de pânico, ela tentou interromper a gravidez, só para ser salva pela intervenção médica e, finalmente, pela assistência do Projeto AMA. Através do projeto, ela encontrou apoio, compreensão e uma nova perspectiva que a ajudou a abraçar sua maternidade. Hoje, com seu filho no colo, Warda reflete sobre a jornada e agradece a ajuda que recebeu para se reerguer. “A minha experiência com o AMA é uma coisa muito maravilhosa. Eu amei participar”, comenta.
Wemeli, por outro lado, já era mãe quando descobriu que estava grávida novamente. Após o nascimento do primeiro filho, teve depressão pós-parto. Isso a deixou receosa e relutante em aceitar outra gravidez. Ela chegou a considerar doar a criança para um primo que não podia ter filhos. “Eu não queria mais filhos”, confessa. Mas, ao interagir com o Projeto AMA, Wemeli começou a enxergar a gravidez sob um novo prisma. O projeto ajudou a adolescente a buscar ajuda profissional para sua saúde mental e a ver a chegada de um novo bebê não como um problema, mas como uma alegria.
Parcerias
No coração de Jacundá, interior do Pará, o projeto AMA é implementado através de uma parceria significativa entre o Ministério Público do Trabalho, a Prefeitura Municipal, a ADRA Norte e o Instituto Dona Flor. A Assistente Social Cristiane Costa desempenha um papel crucial na identificação de gestantes adolescentes e adultas em situação de vulnerabilidade social. Isso acontece através de visitas domiciliares e parcerias com os Programas de Saúde da Familia (PSF) locais. “O AMA atende, em média, 30 a 40 participantes em encontros semanais, mantendo um cadastro de 60 gestantes. Ele oferece uma variedade de serviços, incluindo orientações profissionais, palestras, oficinas, além de fornecer itens essenciais, como cestas básicas, berços e carrinhos de bebê”, explica Cristiane.
O projeto AMA, na visão de Cristiane, é uma verdadeira rede de apoio. “Ele oferece uma mão segura e um ombro para chorar nos momentos de maior desamparo dessas mulheres”, conclui.
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