Redação/Blog Elias Jornalista
As manhãs das segundas, quartas e sextas-feiras das 50 mulheres, aproximadamente, de Mãe Luíza nunca mais foram as mesmas. Isoladas desde o início da pandemia, elas encontraram na atividade física uma forma de trabalhar corpo e mente. Na praia de Miami, o Projeto Viver Bem na Onda da Saúde, uma iniciativa da Prefeitura de Natal por meio da Secretaria Municipal de Saúde, tem um ano e seis meses e proporciona aulas de fisioterapia e, mais recentemente, aulas de surf para a terceira idade. Tudo isso com acompanhamento médico gratuito.
O surf chegou para integrar o projeto há pouco mais de um mês, sob o comando de Julianderson Silva, professor de surf que ensina a modalidade bodyboarding, que consiste no uso da prancha para deslizar da crista, da curva ou da face da onda em direção à areia. Encantado com a disposição das mulheres, ele, que já tem um projeto chamado “Filhos de Mãe Luíza”, realizado nas praias de Miami e de Ponta Negra, com crianças e adolescentes, resolveu abrir espaço e proporcionar uma nova experiência para essas mulheres.
De acordo com Julianderson, desde o primeiro dia de atividade as mulheres se empenham e se divertem com a alegria que o esporte proporciona. “Muitas delas tinham medo de entrar e a gente tenta passar a maior segurança, estando do lado delas, colocando elas nas ondas. Algumas já estão até pegando onda sozinhas e essa felicidade delas contagia a gente, que é voluntário. A gente sente essa energia e sente prazer em estar proporcionando isso pra elas”, comentou.
A ação faz parte do Projeto Saúde da Família e é administrado pela educadora física Daniela Coutinho, da Unidade Básica de Saúde de Aparecida, no bairro de Mãe Luíza. As aulas de educação física incluem exercícios aeróbicos, caminhadas e o surf. O objetivo da iniciativa é proporcionar qualidade de vida para as mulheres das mais variadas idades: crianças, adolescentes, jovens, mas com o foco nas idosas. As atividades geram resultados positivos como o controle da hipertensão e da glicose.
Além disso, a junção da atividade física com o cenário da praia de Miami, na zona leste da capital potiguar, tem surtido um efeito terapêutico nas idosas que buscavam a unidade de saúde principalmente apoio psicológico para lidar com os problemas de casa somados ao contexto do isolamento social com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Para Rosa Borges, diretora da Unidade Básica de Saúde de Aparecida, o projeto é uma oportunidade não só de cuidar da saúde das mulheres, mas de trazê-las de volta à ativa. A maioria possui filhos, netos e, através das atividades, se sentem mais próximas dos mais novos, sem ficar de fora das brincadeiras. “Elas viram nisso a oportunidade de desenvolverem um esporte dito radical. Aqui elas se descontraem, se divertem, fazem amigas e exercitam também esse lado mais jovem da amizade. Elas estão super felizes!”, afirmou Rosa.
Uma das beneficiadas pela ação é a dona Severina da Silva, para os íntimos, dona Nova. Aos quase 69 anos de idade, completos em 27 de agosto, a idosa, nativa da cidade de Touros, se vê ativa e contente como uma criança. Ela entrou no projeto em novembro de 2020 e é a mais ativa no mar. “Eu sou um peixinho. Me sinto bem, me sinto saudável. Eu comecei com a fisioterapia e, como sabia nadar, quando chegou a ideia do surf eu entrei logo”, comentou a sorridente dona Nova.
Já dona Silvia Ferreira, de 64 anos, que está participando desde o início do projeto, não sabe nadar, mas se sente segura o suficiente para entrar no mar sempre acompanhada dos instrutores. No entanto, desta vez ela ficou na fisioterapia. “A gente sai de casa um pouco, vê os amigos. Na fisioterapia eu faço alongamento, eles ajudam a gente a trabalhar com o equilíbrio, com a respiração. Eu tô muito feliz de estar aqui”. Dona Sílvia, assim como as outras contempladas pelo projeto, tem o auxílio de universitários do curso de fisioterapia, que orientam uma série de exercícios compatíveis com as idades delas.
O projeto Viver Bem na Onda da Saúde tem força para ser expandido, mas precisa de recursos para ampliar a participação da comunidade. A diretora Rosa Borges informou que o projeto recebe doações de pranchas e equipamentos utilizados nas atividades.
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