Redação/Blog Elias Jornalista
O Rio Grande do Norte superou, nessa segunda-feira (12), a marca das 6.900 vidas perdidas para a covid-19 desde o início da pandemia em março de 2020. Como forma de homenagear as vítimas, o Instituto Santos Dumont (ISD), vinculado ao Ministério da Educação, realizou o plantio de aproximadamente 40 ipês em áreas do Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi (Anita) e do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), em Macaíba.
As vítimas foram homenageadas através do Sr. Marcos Santana, de 64 anos, paciente da Clínica de Parkinson do Anita, morto pelo coronavírus em junho do ano passado. O ipê plantado no Anita leva seu nome. “Ele era amigo de todos nós. Era o padre do nosso arraiá, a alegria do nosso grupo. Ele merece a nossa homenagem. Nada mais justo do que plantar uma árvore aqui e eternizar ele”, comenta Gizélia Mendes Álvares, dona de casa, paciente da Clínica de Parkinson do Anita. Foi ela quem sugeriu a homenagem.
“A intenção é eternizar, com símbolos de vida, essa experiência que, ainda que tenha sido bastante traumática para todo o mundo, também traz mensagens importantes de resiliência, aprendizado, esperança e, sobretudo, de solidariedade. A ideia desse Bosque das Memórias é ressignificar isso. É, de certa forma, transformar um pouco a nossa dor e a nossa tristeza por essas perdas e por tudo o que estamos vivendo, em um símbolo de vida. A árvore significa vida, a esperança de que as coisas irão renascer de outro jeito”, afirma Reginaldo Freitas Júnior, diretor-geral do Instituto Santos Dumont.
As mudas de ipês plantadas no Anita e IIN-ELS foram doadas pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema/RN), que já plantou mais de 500 árvores no projeto desenvolvido por órgãos ambientais em todo o Brasil conhecido como ‘Bosques das Memórias’, idealizado para homenagear as vítimas da covid-19 a partir do plantio de mudas de espécies diversas.
“A gente vem fazendo esse trabalho de arborização de algumas áreas do estado, e coincidiu com esse momento da pandemia. Nós estamos fazendo os Bosques das Memórias em homenagem às pessoas que perderam a vida pela covid”, explica Beth Álvares, chefe de gabinete do Idema/RN.
A neuropsicóloga Joísa Araújo, da Clínica de Parkinson do Anita, ressalta que o tratamento dos pacientes com essa doença vai além das ações desenvolvidas nos consultórios. Os cerca de 40 integrantes do Grupo Tremeluzir, criado entre os portadores da doença atendidos no Anita, são uma prova disso. “A Doença de Parkinson veio para ressignificar mesmo. A partir dos sintomas de uma doença crônica que exige cuidados, exige reabilitação e exige tratamento específico, eles se encontraram para dividir não somente as dores, mas também as alegrias e o cuidado mútuo. Enquanto equipe, nós somos muito felizes em estarmos juntos”, declara.
Marcelo Santana, filho do idoso homenageado, não conteve a emoção quando os demais pacientes relembraram o quão querido era o seu pai. Para ele, a homenagem com o ipê irá eternizar a presença do seu pai em um ambiente pelo qual ele tinha carinho e respeito.
“Ele amava todo o trabalho que é efetuado aqui. Os profissionais sempre tiveram muito cuidado, atenção e muito carinho. Desde que ele faleceu, quando eu ouvia o nome Anita Garibaldi lembrava dele. Eu cheguei a vir outras vezes aqui, após o falecimento dele, e sempre me emocionava, lembrando de como ele saía de casa animado para vir fazer o tratamento, se consultar com o psicólogo”, ressalta. Foi ele quem plantou, ao lado da amiga do pai, Gizélia Álvares, o ‘Ipê Marcos Santana’ na área externa do Anita.
Parkinson
A doença de Parkinson é considerada a segunda doença neurodegenerativa progressiva mais frequente no mundo, perdendo apenas para o Alzheimer, segundo o Ministério da Saúde.
Ela afeta os movimentos do corpo e pode incluir, por exemplo, lentidão nos movimentos, tremores, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala. A doença também pode causar diminuição do olfato, constipação intestinal, bexiga neurogênica, alterações cognitivas e depressão. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 1% da população acima de 65 anos apresenta a doença e o início dos sintomas motores costuma ocorrer por volta dos 60 anos.
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