Maria Eduarda Morais, ou apenas MADU MORAIS, 24, é um marco. Menina que tinha a beleza questionada pela cor se transformou de patinho esquisito aos olhos dos outros, a maior representante da beleza norte-rio grandense. Por aclamação e merecimento é a primeira negra a ocupar o posto de Miss RN, responsável por representar o estado na competição nacional. O porte de rainha, o corpo de medidas exatas de 1,79 altura a levaram a perder o medo, esquecer as críticas, deixar o curso em Comércio Exterior, que trancou em 2016, e modelar. Com isso já chegou a fazer trabalhos até na Turquia. Hoje vive entre editoriais e desfiles, disputada no mercado. Profissionalmente superou limites impostos por uma sociedade ainda muito racista. Tem enfrentado cada vez mais a prática e tem como desejo servir como inspiração para que outras meninas negras, como ela, também entendam que podem pertencer ao pertencer que desejarem. “Quero ainda viajar e conhecer boa parte do mundo, isso é um sonho meu. Como miss deseja contagiar com bons princípios o maior número de pessoas possível”. Senhoras e senhoras essa é @madumoraix, a nossa Miss RN. Agora é torcer muito por ela.
Quando e por que começou a modelar?
Comecei a modelar em 2016. Depois de receber tantas propostas para modelar decidi tentar e foi a melhor escolha que fiz, amo todo o processo criativo envolvido em cada trabalho.
Sempre se viu como uma pessoa bonita?
Não. Desde nova minha beleza era comparada com a de meninas brancas, era difícil se sentir bonita com tantas opiniões contrarias.
Já sofreu racismo, e como lidou com isso?
Sim, já sofri, sim. Superei com a ajuda da minha família e psicólogos, comecei a compreender que precisava descontruir as influências negativas que sofria com frequência, comecei a moldar minha autoestima a partir do reconhecimento dos meus desejos, da minha identidade negra, considerando que eu escrevo minha história e que há beleza em mim. E sigo diariamente nesse processo de autoafirmação.
O que significa ser a primeira miss negra do RN?
É uma grande responsabilidade. Significa ocupar um espaço de visibilidade e poder, isso me dá a oportunidade de colaborar para que outras belezas negras se apreciem e se sintam capazes de estar em qualquer lugar que desejam.
Como esse marco pode ajudar na luta contra o racismo?
É de extrema importância ter pessoas exercendo papeis de destaque, assim servimos de espelho para os que virão, dando oportunidades de um mundo igualitário, desconstruindo essa estrutura psíquica de superioridade que os racistas possuem.
Como se prepara para o concurso?
Construir um estilo de vida saudável é de suma importância, isso inclui: uma boa alimentação, musculação, aulas de oratória, cuidados estéticos e estudar um pouco de tudo.
Você já modelou fora, como foi a experiência?
Sim, morei 3 meses em Istambul, Turquia. Foi muito interessante conhecer outra cultura, trabalhei bastante e adquiri muito conhecimento na minha área.
O que diria para meninas como você que sonham em ser modelo?
Valorize sua personalidade para assim se destacar, cuide do seu corpo que é sua ferramenta tão preciosa, estude seus melhores ângulos, foque em aprender inglês, compreenda sobre mercado da moda, esteja em constante aprendizado e encontre uma agência que você se identifique e que queria crescer junto com você.
A jornalista Simone Silva é colunista do Jornal AGORA RN.
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