Crédito/ SMS.

O morador de uma das residências Terapêutica de Natal, Moabi Fabrício Lopez viveu por sete anos em uma instituição psiquiátrica hospitalar, e há um ano foi transferido para Residência Terapêutica Sul, onde a equipe da unidade, em conjunto com a Coordenação de Saúde Mental do Município, localizaram o irmão do morador e deram início a uma estratégia de aproximação que levou Moabi de volta para o convívio com a família.

“Moabi é o primeiro paciente psiquiátrico que ficou em modelo de internação prolongada hospitalar e conseguiu fazer a transição para uma residência terapêutica e agora está retornando para o núcleo familiar. Ele é o nosso primeiro morador depois de 15 anos de residência a conseguir fazer essa transição, e esse é um momento histórico para a saúde de Natal e do Rio Grande do Norte”, comenta Luís Fernando Pires dos Santos, coordenador da Rede de Urgência e Emergência da SMS Natal.

Depois de 17 anos sem contato, os irmãos se reencontraram quando Maceu Fabrício Lopez, militar e irmão de Moabi, que morava no Rio de Janeiro, voltou a Natal. “Eu acabei perdendo esse vínculo com o meu irmão, e no retorno para Natal a casa terapêutica entrou em contato comigo me convidando para o aniversário dele, vim no aniversário, e no primeiro contato já tomei a decisão de fazer uma tentativa de aproximação com o meu irmão. Essa aproximação aconteceu, a gente já está há alguns meses no processo e agora chegou o momento de muita alegria de levar o meu irmão para morar comigo definitivamente”, confidencia Maceu emocionado.

A aproximação entre Maceu e Moabi acontece há cerca de seis meses. Moabe começou a passar os finais de semana na casa do irmão, então os períodos juntos foram aumentando até a decisão final de mudança definitiva.

“É um momento de muita felicidade. Eu faço tratamento psiquiátrico a mais de 20 anos e sempre era internado, e depois de um ano de residência estou indo morar com o meu irmão, com um quarto só meu, mas continuando com o apoio psicológico, com um ambiente em que eu vou participar do CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), e vai dar tudo certo”, revela o ex-residente.

Residências Terapêuticas

Acolhendo munícipes egressos de internações psiquiátricas de longa permanência que perderam vínculos familiares e sociais, as Residências Terapêuticas tem como principal objetivo reinserir os munícipes na sociedade, além da busca ativa para reconectar os moradores com os familiares com a intenção de promover a desinstitucionalização, construção de vínculos e o retorno do morador para a família.

Porém, essa articulação de retorno ao lar não é fácil, e vários fatores impossibilitam essa aproximação, como perda de vínculos, questões sociais e busca pelas famílias. “Nosso trabalho é mostrar a importância que o portador do transtorno mental tenha de volta seus direitos de viver em comunidade, viver com a família, e a gente ficou muito feliz e emocionado com este momento que nos impulsiona diariamente para avançarmos no cuidado da saúde mental em liberdade dos munícipes da nossa cidade”, confidência o coordenador da Rede de Urgência e Emergência.

Atualmente as Residências Terapêuticas possuem cerca de 30 moradores que vivem em três residências geridas pela SMS Natal.